Em um mundo eternamente provisório, efêmeras letras elétricas nas telas de dispositivos eletrônicos.
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Jan 11
publicado por José Geraldo, às 22:41link do post | comentar | ver comentários (1)

Se você vai a um restaurante e não está satisfeito com o ponto do bife ou com o tempero da sopa, não peça ao cozinheiro para dar uma passadinha a mais ou uma pitada extra de pimenta. Além de fazer o que você pediu ele provavelmente cuspirá na sopa ou acrescentará outro ingrediente que você não pediu. Talvez isso não seja mais feito em restaurantes super vigiados e com cozinhas abertas, como os que temos hoje, mas ainda segue sendo bom conselho: não gostou do prato, apenas não coma e diga que o apetite não bastou para tudo.

O que vale para restaurantes vale para qualquer serviço especializado. O profissional se ofende quando você lhe faz algum pedido ou sugestão. É quase automático que ele, além da mudança solicitada, faça outra com o objetivo de desandar o conjunto, para depois dizer que foi a sua sugestão que estragou tudo. Ele então se oferecerá para refazer e talvez até incorpore algo de suas sugestões, mas cobrará de novo porque foi “culpa sua” o que aconteceu da primeira vez.

“Que tal pôr a tomada aqui?” pergunta o inocente proprietário ao engenheiro elétrico. Ganhará naquele lugar exato uma tomada defeituosa porque naquele ponto da parede não havia “boas condições de fixação” ou porque “a distância até a fonte de força era muito grande”. “Eu queria um decote maior” pede a recatada mulher ao costureiro, que a brindará com um rasgo quase chegando ao umbigo porque “na verdade o tamanho anterior já estava no limite”. “O problema não requer formatar e reinstalar o Windows, é só a placa de rede que queimou ontem, o resto está OK” diz o freguês ao técnico de informática, que instalará a pior placa de rede do mundo (mesmo que tenha que encomendá-la da Bolívia no lombo de um jegue) apenas para poder dizer que o problema “também havia afetado a placa mãe” e “toda placa de rede vai funcionar mal” e “a solução agora é comprar outra placa mãe e outro processador”. “Não gostei da fonte, queria uma mais sóbria” diz o pobre autor ao designer de seu livro. Apenas para receber de volta um livro com fonte “mais sóbria” mas também de qualidade inferior a ponto de doer nos olhos.

O perfeccionista acaba vivendo o inferno de ser mal atendido por todos e a frustração de não poder se especializar em tudo.


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