Em um mundo eternamente provisório, efêmeras letras elétricas nas telas de dispositivos eletrônicos.
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Jun 11
publicado por José Geraldo, às 12:12link do post | comentar

Continuando nossa série de análises sobre as sensacionais tirinhas do André Dahmer, hoje analisaremos uma que será realmente polêmica, e atrairá a ira de centenas de pessoas contra mim e fará com que muitos de meus amigos fiquem horrorizados, me excomunguem, me xinguem ou digam que estou louco, coisas assim:

Aqui não há necessidade de muita sutileza para entender a filosofia que está sendo apresentada. Antes que comecem a chover pedras e protestos, vamos explicar uma coisa bem claramente: não me parece que André Dahmer, nesta tirinha, esteja duvidando ou afirmando qualquer coisa a respeito de Deus em si. O tema é muito outro: ele está ironizando certas pessoas que falam em nome dEle.

O diálogo que vemos no primeiro quadrinho reúne um homem de físico avantajado e outro que aparenta ser, além de menos fisicamente dotado, também idoso. O homem de físico avantajado, segundo podemos deduzir de sua fala, tem o hábito de extorquir dinheiro das pessoas usando violência e/ou ameaça de violência. Ele está preocupado com a descoberta de que suas atitudes agora são criminosas. O velho então lhe lembra que é possível legalizar suas “atividades”, adaptando-as aos novos tempos. Vemos claramente nesses dois quadrinhos iniciais que os dois personagens são símbolos, e não indivíduos. O primeiro simboliza a máfia, o criminoso, essas coias. O segundo simboliza o jurisconsulto, o estadista, o espertalhão. Do diálogo entre os dois brota o “novo homem” do terceiro quadrinho: um personagem que ainda tem debaixo da roupa os músculos do tempo em que batia nos outros para roubar dinheiro (restos de um poder temporal?), mas que em vez disso extorque dinheiro usando meios mais sutis.

Para mim esta tirinha é um ataque às instituições religiosas em geral, vistas como um meio de vida para seus membros, que se aproveitam do temor sobrenatural do povo para obter dinheiro. Sob o disfarce de uma preocupação com o bem estar alheio, o ex mafioso lembra aos fiéis que "Deus precisa de dinheiro".

Não acho que os quadrinhos sejam uma referência exclusiva à Igreja Católica. A simbologia católica aí empregada serve apenas para identificar adequadamente que o personagem se tornou um líder religioso. Outras instituições religiosas não têm uma simbologia tão transparente que permita identificar de forma inequívoca a função do líder. Tendo dito isso, acho que não sei dizer mais nada sobre o quadrinho, apenas que o acho genial.


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