Este texto é parte do romance “A Casa no Fim do Mundo”, de William Hope Hodgson (1907), que estou traduzindo em capítulos semanais. Visite o Índice para lê-los em sequência.
Uma fome feroz reina em meu peito,17Eu não sonhara que todo esse mundo,Esmagado nas mãos de Deus, ainda trariaTão amarga essência de inquietude,Tanta dor quanto a Tristeza arrancouDe seu terrível coração, destrancado!
Cada soluço que respiro mal é um choro,O pulsar de meu peito repica de agoniaE minha mente inteira pensa apenasQue nunca mais nesta vida poderei eu(A não ser na dor da lembrança)Tocar tuas mãos, que agora são nada!
Por todo o vácuo da noite eu procuro,Estupidamente gritando por ti;Mas tu não estás, e o trono vasto das trevasTorna-se a estupenda igrejaCom sinos de estrelas que repicam em mimQue sou, de todo o universo, o mais só.
Esfomeado, me arrasto para as margens,Talvez algum conforto me aguardeNo coração eterno do antigo Oceano;Mas eis que da profundeza soleneDistantes vozes saídas do mistérioParecem perguntar-me por que nos separamos!
Aonde quer que eu vá estarei sempre só,Eu que tive através de ti todo o mundo.Meu peito é uma imensa chaga vivaPara onde o vazio da vida é jogado,Porque quem eu tive agora foi-se paraOnde tudo é nada, e nunca retorna!
17 Estas estrofes se achavam, a lápis, em um trapo de gorro de palhaço grudado na folha de rosto do manuscrito. Elas têm toda a aparência de terem sido escritas em uma data anterior à deste — Nota do Editor.