Em um mundo eternamente provisório, efêmeras letras elétricas nas telas de dispositivos eletrônicos.
29
Jan 12
publicado por José Geraldo, às 11:50link do post | comentar | ver comentários (1)

Há algumas semanas descobri que o meu amigo Flávio Sousa, pela primeira vez em anos, resolveu abrir um blog e divulgar seus escritos. Para alguém que é vocalista de grupo musical seria natural fazer poesia, mas ele é ficcionista — e dos bons. Pena que seja tão tímido para mostrar suas histórias, e pena ainda maior que escreva tão bissextamente. A descoberta me excitou com a possibilidade de avaliar como anda evoluindo a escrita do meu amigo, por isso lhe mandei um e-mail perguntando-lhe se ele aceitaria que eu fizesse um comentário sobre seu novo conto.

Flávio de Sousa é um jovem (já nem tanto, mas sempre mais do que eu) músico e escritor mineiro. Mineiro de Cataguases, como poderia enfatizar Washington Magalhães1. Conheço-o pessoalmente desde há tanto tempo que nem me lembro direito quando, mas ainda me lembro da circunstância: ele era um rapazola magro, espinhudo e usava óculos. Líamos na Biblioteca Municipal de Cataguases e estudávamos na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Ele ficou sabendo que eu estava organizando uma revista literária e me procurou com textos. De lá para cá continuamos amigos, embora raramente nos vejamos. Flávio é uma dessas pessoas das quais você não precisa de nenhum motivo para gostar, você simplesmente começa a conversar e percebe que o papo flui, que as ideias são interessantes e por isso, naturalmente, você acaba entornando várias cervejas para regar a história, sem ver o tempo passar. Faço questão de dizer isso porque jamais um de nós salvou a vida do outro ou lhe fez qualquer favor: nossa amizade existe porque simplesmente os santos combinam. Amizade de verdade é assim.

Atualmente Flávio é vocalista de um grupo de heavy metal chamado Spectrum. Como eu gosto do gênero, ele imaginou que eu gostaria de conhecer o seu trabalho. Por isso, tão logo o grupo gravou seu primeiro CD, em 2010, ele fez questão me presentear com um exemplar. Na época eu me senti constrangido com o presente porque me lembrava do desastre que fora o meu comentário sobre um conto dele, anos antes (mais sobre isso a seguir). O CD me queimou nas mãos quando o peguei porque, obviamente, Flávio queria minha opinião. Porque, obviamente, a minha opinião tinha que ser sincera, pois eu não acho honesto com um amigo mentir para agradar. E eu tinha receio de que minha crítica pudesse chateá-lo, como o episódio do conto chateara.

Essas dúvidas, porém, se dissiparam quando ouvi a música. Apesar da produção não ser a melhor possível (a voz dele ficou em alguns momentos pisoteada pelo peso das guitarras), o som é bastante limpo e claro para que se possa avaliar a qualidade das composições. Pena que são só quinze minutos de música. Não foi um sacrifício ouvir o CD, muito pelo contrário. Até o ripei e coloquei na minha coleção de música digital. Apesar de não ter gostado muito da primeira faixa («Cuidado com o Diabo») por achar a letra pueril demais e por ser justamente aquela em que a voz do Flávio ficou pior, as outras três são interessantíssimas, especialmente «O Irolevo», que é algo totalmente inesperado para uma banda de heavy metal, gênero cujos praticantes valorizam mais a mitologia nórdica, celta ou greco-romana. Trata-se de um rock pesado baseado no folclore brasileiro! É uma canção que se destaca das outras três, pela melodia mais elaborada, pelo vocal mais entregue. Deixo para a perspicácia do leitor descobrir o que significa o título.

Pois bem, na época eu não tive dúvidas em dizer ao meu amigo que o disco tinha ficado bom. Em outros tempos, talvez a banda tivesse até potencial para chegar ao sucesso. Mas hoje… se ao menos eles fossem mulheres e tivessem bundas bonitas! Como fazer sucesso fazendo música sem falar de sexo, beber até cair, chifre de namorada ou «pegação»? O resulto é esse que está aí: no ano de 2011 somente uma entre as 50 canções mais tocadas foi do gênero rock'n'roll. Respeito muito o talento dos caras do Spectrum, mas é uma pena que o mundo de hoje não respeite.

Como já disse antes, houve uma vez em que comentei um texto do Flávio, na melhor das intenções, e acabei «pegando pesado» demais. Nem eu nem ele tínhamos a maturidade que temos hoje para lidar com estas coisas, mas ele, pelo menos, já tinha a maturidade de não deixar uma coisa dessas ficar no caminho da amizade.

O texto em questão era um conto sobre uma visita a uma casa abandonada. A casa era real, um prédio histórico localizado no centro de Cataguases, Minas Gerais, recentemente demolido em nome da especulação imobiliária, quando deveria ter sido restaurado pelo seu valor histórico.2. Lembro-me vagamente, não retive nenhuma linha do texto propriamente dito. Apenas me recordo que era a história de dois jovens que, para pagar uma aposta, passavam a noite na casa, que tinha a fama de mal-assombrada, aproveitando o tempo para explorar o lugar, tecer comentários sobre o tipo de gente que fora responsável por aquela construção e nela vivera etc., enquanto evitavam chamar a atenção dos vizinhos ou da polícia, que os prenderia sob suspeita de atos obscenos ou consumo de drogas.

Minha reação diante do texto foi de espanto. Gostei muito do modo como o Flávio organizou a história. Impressionou-me particularmente sua descrição do interior da casa e o modo como conseguiu fazer com que fosse interessante a narrativa de dez horas sem nenhum acontecimento fora das imaginações dos personagens. Foi narrando esta impressão que eu comecei a responder, via e-mail, o pedido de comentário que o meu amigo fizera. Porém, para ser honesto, era preciso também apontar as falhas do texto. Para um autor que escreve a intervalos irregulares, o Flávio obviamente escreve bem, bem demais. Mas a falta de treino cobra o seu preço na forma de tergiversações excessivas, que às vezes cansam, parágrafos inteiros que ficam supérfluos, erros de pontuação ou de ortografia etc. Talvez o meu rigor em enumerar as falhas tenha assustado o meu amigo, que ficou anos sem me mostrar qualquer coisa que tivesse escrito. Temo até que ele tenha ficado anos sem escrever.

No dia seguinte Flávio me respondeu, simpaticamente como sempre, acrescentando a parte final do conto, que ainda estava inédita (foi publicada no decorrer da semana que está acabando). Copiei então as partes que já estavam no blog, acrescentei a parte final, montando o texto todo em uma sequência, como prefiro ler, e dediquei cerca de quarenta minutos a lê-lo e entendê-lo.

«Furo no Futuro» é uma história difícil de classificar. Certamente não é um conto realista, mas não é exatamente nem fantasia e nem ficção científica. Prefiro dizer apenas que é uma história fantástica (use os sentidos que quiser para a palavra) sobre um caso de dopplegänger (não foi na Wikipedia que eu aprendi essa palavra, mas você a encontra muito bem explicada lá).

Como toda boa história fantástica, a explicação não é óbvia. Precisei ler duas vezes para achar que entendi. Talvez uma terceira leitura me traga uma terceira opinião. Diferentemente do primeiro texto do Flávio que eu li, neste acontece muita coisa, e em um ritmo tão frenético que é até difícil assimilar. Os cortes narrativos, com mudança de tempo/espaço/narrador (ainda que uma boa parte da ação ocorra em flashback), levam o leitor em ziguezague, como as imagens de um clipe.

Narrativamente falando, Flávio continua seguro. Talento ele tem, isso fica óbvio dentro de poucos parágrafos. Infelizmente, porém, o texto não me parece uma obra acabada. A impressão de provisório se instala a cada cena, culminando em três pontos-chave da história.

No diálogo entre a personagem Cláudia e sua tia (aqui chamada «Drica», sem qualquer explicação para um tratamento tão incomumente informal entre tia e sobrinha) as falas são introduzidas pelo que parecem ser marcações de teatro ou indicações de um rascunho. No diálogo entre o personagem Tales e o delegado, além da repetição do problema das introduções de diálogo, ainda temos a construção apressada da cena, que falha em produzir o necessário clima de suspense. A cena final, por sua vez, embora seja bem sucedida em explicar a natureza do fado que sobreveio ao quieto Tales, falha no efeito de embasbacamento que deveria provocar no leitor. Ou eu estou sendo muito rigoroso nesse ponto, possivelmente.

Gostaria de ressaltar que a questão das marcações de teatro pode não ser um problema, se o texto no geral assumisse uma ousadia narrativa e tentasse se organizar de uma forma diferente da narrativa tradicional. Só coloquei as marcações como um problema porque estão em desacordo com a estrutura geral do texto.

É sempre difícil, para mim, comentar a obra de outro escritor amador como eu, porque sempre me vejo tentado a observar de que maneira diferente eu mesmo teria organizado a história. Não é diferente neste caso: eu certamente teria disposto as cenas em uma ordem muito diferente. Não necessariamente melhor, mas diferente. A cena de Cláudia na ponte poderia abrir o texto de forma mais eficaz, em minha opinião, do que as tergiversações sobre o medo. O diálogo entre ela e sua tia, bastante reduzido ao essencial, seria dividido em duas partes, uma logo ante da cena de sangue e outra ao final. O problema com a minha ideia é que ela tornaria desnecessário o aspecto fantástico — e isto, talvez, matasse o próprio sentido da história, a motivação que levou Flávio a escrevê-la. Acontece que somos pessoas diferentes, com valores diferentes, com objetivos diferentes. Naturalmente produzimos obras diferentes e eu não posso julgar a obra dele pela semelhança com a minha. Na cabeça de Flávio, o verso de Raul Seixas tem uma importância tão grande que ele o usa como epígrafe (aliás, o motivo de eu ter pensado em usar a cena da ponte como abertura do texto se deve ao fato de a citação do Raul aparecer antes dela). Na minha cabeça o conflito pessoal de Tales seria mais importante e Cláudia, apenas um instrumento do narrador para evitar a onisciência. Se eu reescrevesse o conto ele seria diferente, não necessariamente pior ou melhor, apenas diferente — e não teria aquilo que o torna especial para o Flávio.

Por essa razão, em vez de fazer recomendações sobre a estrutura narrativa propriamente dita (no máximo aludo às escolhas que eu teria feito, deixando claro que o faço sem nenhuma pretensão), prefiro avaliar o impacto do texto sobre o leitor. Acredito que a finalidade de uma obra literária não é a perfeição absoluta, «parnasiana», mas esse efeito que produz sobre o leitor e o muda, de alguma forma. Quando um texto sucede em fazer com que o leitor pense — o que é cada vez mais difícil hoje, por culpa do leitor, não do texto — é preciso reconhecer o seu valor. Eu pensei muito lendo «Furo no Futuro», mas percebi que poderia ter pensado mais, que poderia ter ficado mais «encucado» com as coisas que li (ou que não li, por estarem nas entrelinhas).

Por isso minha única recomendação ao autor é que madure mais o seu texto, que pratique mais. O talento está lá, em estado bruto e pulsante. Falta a segurança. Se a escrita de Flávio fosse uma bicicleta ele a pedalaria com ziguezagues ocasionais, perdendo um pouco de embalo nas subidas e freando com excessivo cuidado nas curvas. Mas um pouco mais de prática lhe permitirá andar quase o tempo todo em linha reta, ter força nas pernas para aguentar as subidas e coragem para entrar inclinado nas curvas, sem ter de frear. Eu gostaria muito que ele se dedicasse a esse treino, especialmente por causa de textos como o mini-conto «Reencontro», que saiu na revista «Verbo» e que ele não publicou ainda no blogue. Naquele texto, muito mais do que neste, a força da escrita de Flávio rasga e grita seu espaço na cena. Mas estou sendo justo ao cobrar isso de um cara que já demonstrou um talento excepcional em outra arte?

1 Em recente conversa, regada a generosas doses de vodca com gelo, o escritor cataguasense Washington Magalhães, mostrando-me na capa de sua revista, Tic-Tac, as reproduções das capas de mais de uma centena de obras literárias escritas por autores nascidos na cidade, comentou que em quase todas elas os autores, ou seus prefaciadores, fizeram questão de usar a expressão mineiro de Cataguases. Para Magalhães, esta insistência indica duas coisas: primeiro, um entendimento de que os mineiros de Cataguases não são exatamente como os outros mineiros, precisando ser deles diferenciados e segundo, uma espécie de «grife» literária que o município adquiriu desde os longínquos tempos da Revista Verde. Para mim a expressão não tem nada demais e é apenas uma maneira convencional de se aludir à origem do autor, comum em qualquer biografia. Como sempre acontece nesse tipo de discussão, não se chegou a um acordo, mas bebeu-se bastante.

2 Cataguases é uma cidade curiosa, onde primeiro demolem e destroem tudo quanto há de bonito ou digno de nota, depois querem atrair turistas para ver seu «patrimônio histórico». Em minha curta vida tive a dor de acompanhar impotente a destruição de pelo menos quatro prédios belíssimos que havia no centro da cidade, todos substituídos por construções totalmente desprovidas de estética, planejadas por um arquiteto sem imaginação e executadas em nome da grana bruta e absurda, que terraplena a beleza para abrir caminho no mundo.


21
Jan 12
publicado por José Geraldo, às 15:54link do post | comentar

Nesta semana em que «Luiza voltou do Canadá» e o estupro da inteligência do povo pela Rede Globo ficou mais do que evidente houve um fato a que pouca gente deu importância, mas que se tornou emblemático do estado de indigência mental em que o país segue mergulhando de cabeça e sem capacete: a pedrada que alguém atirou na testa do Pê Lanza, baixista/vocalista do «Restart».

Diz o ditado que a ocasião faz o herói, esta ocasião em particular tornou o roqueiro colorido um herói improvável diante de seus fãs e, em minha modesta opinião, deu-lhe moral diante de todo e qualquer fã de rock'n'roll do planeta. Imagino que o boçal que deu a pedrada imaginou que Lanza entraria em pânico e deixaria o palco para tomar seu leite de pêra com ovomaltino, mas ele, em vez disso, chamou o «valentão» para acertar as contas nos bastidores, disse que o sangue que saía era pouco, pois ele tinha mais para dar pelos fãs, e cantou mais uma música antes de encerrar o show. Há controvérsias se o show já tinha acabado e ele foi acertado na hora dos aplausos ou a pedrada foi aleatória. Mas certamente ver o rapaz ainda cantando a última canção com a testa escorrendo «melado» deve ter aumentado ainda mais a histeria das fãs do grupo. E, tenho de confessar, até eu virei fã do «Restart» depois dessa.

Devo explicar, porém, que tornar-me fã do «Restart» não significa que passei a gostar de sua música. Continua achando-a ingênua e tosca, tanto quanto antes. Tornei-me fã da atitude e da coragem dos membros da banda, especialmente Lanza. No momento em que aquela pedra acertou a sua testa aquele garoto virou homem. Porque «homem» não é um idiota que se esconde na multidão para tacar uma pedra na testa de um músico porque não gosta do trabalho dele. A única coisa com que os artistas podem ser alvejados é a vaia. Vaiar vale, mas atirar uma pedra, não. Isso algo que não se atira em ninguém. Homem é o Pê Lanza, que desafiou o covardão a acertar as contas nos bastidores, ignorou o próprio sangue que corria, disse que tinha mais uma música para cantar — e cantou. Se ele tivesse saído do palco chorando, como talvez o apedrejador tivesse imaginado, nunca mais poderia subir em outro para cantar. Nem ele e nem ninguém, pois não há intérprete que seja unanimidade. Quem nunca tomou uma vaia que discorde de mim. Se tivesse se acovardado, teria «dado razão» ao imbecil apedrejador, outros macacos apareceriam, atirando pedra ou merda. Mas ao agir como agiu, fez com que a mão apedrejadora se acovardasse, fez com que os fãs tivessem a alma lavada e fez com que muito roqueiro que não gosta do som do «Restart» passasse a respeitar o grupo por sua atitude. Porque a atitude de Lanza foi totalmente rock'n'roll. Lembra Joan Baez grávida desafiando a polícia ao fazer shows para arrecadar fundos para a defesa dos desertores do Vietnã. Lembra Gary Thain (aliás, também um baixista) eletrocutado no palco durante um show do Uriah Heep. Lembra Jim Morrison mostrando o pênis para a plateia em desafio a uma ordem judicial que considerava «obscena» uma de suas letras. Lembra a volta triunfal do AC/DC após a morte do vocalista, quando muitos pensaram que o grupo «tomaria juízo» após ter sido «castigado por Deus» pela letra de «Highway to Hell» (Rodovia para o Inferno).

Mas indo além do heróico ato de Pê Lanza, vale mais a pena analisar a burrice que se expressa na pedra. Apedrejar é uma atitude retrógrada. Apedrejar é uma forma de legar ao anátema. A morte por apedrejamento era destinada a pessoas que eram tão desprezadas que até mesmo tocá-las para (direta ou indiretamente) um estrangulamento, esfaqueamento ou lanceamento seria inaceitável. A pessoa que atirou aquela pedra procurou demonstrar um grau superlativo de desprezo pelo «Restart» e pelo que ele representa. Mas o grupo merece tudo isso?

Obviamente nenhum fã de música boa encontrará no grupo motivos para apreciação. Suas canções são primárias, suas letras são ingênuas, seu visual é adolescente e sua ideologia é mais vazia que uma cuia. Mas eles não tem pretensão de serem novos mestres da música, não pretendem filosofar em suas letras, não vieram ditar moda e não querem ensinar nada a ninguém. Eles estão apenas ganhando a vida honestamente fazendo o que sabem, preenchendo um nicho — o de grupo musical para adolescentes. Não há nada de errado nisso. Eu não gosto porque não sou adolescente, mas talvez gostasse se tivesse quatorze anos. Alguém, por acaso, acha errado ter quatorze anos?

Apesar de sua falta de qualidade, porém, a música que o «Restart» faz é muitíssimo menos desagradável do que a maioria do resto da música popular de hoje. Não se compare o roquinho dos garotos com as obscenidades grosseiras e animalescas do funk e de certo subgênero do «sertanejo» que não merece ser chamado de universitário, mas de «mobral». Os adolescentes que gostam do «Restart» vão crescer e gostar de outras coisas. Mas há marmanjos que fazem esses gêneros «das cavernas» e não estão levando pedras na testa. Será que o que faltou ao «Restart» foi falar de putaria? Será que suas letras fossem pontilhadas de palavrões e de convites a «pegar» e «trepar» eles teriam respeito? Fazer música ruim pode, desde que seja obscena? Eu prefiro uma música que é apenas ruim, mas não contém ofensividade. Eu prefiro o «Restart». E vou comprar um disco deles para minhas filhas. Em homenagem ao Pê Lanza. Que pode não tocar nada, mas se ombreou em atitude com os caras citados acima. Garoto, você se mostrou homem. E um homem roqueiro sem que ninguém possa contestar. Agora, sinceramente, você já está crescendo. Trata de aprender a cantar e tocar melhor esse baixo, porque logo, logo vai ficar difícil manter-se ídolo das meninas e você vai precisar de mostrar música para vender disco. Você não quer virar um Júnior, né?

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14
Jan 12
publicado por José Geraldo, às 15:57link do post | comentar

Reconhecidamente autor de obras insuportáveis para quem efetivamente lê, em vez de comprar para enfeitar estante ou para ter «lições de vida», Paulo Coelho se tornou o pivô de uma curiosa briga na internet nas últimas semanas. Eu, como sempre, marido traído em matéria de notícias culturais, fiquei sabendo só agora. Em uma postagem no Twitter, o Mago chamou de insuportável o novo livro de Mário Sabino. Achei a atitude do mago bastante imoral, embora o livro criticado seja mesmo, provavelmente, difícil de suportar. Para que o leitor possa entender as razões de meu julgamento, vou fazer um apanhado da história.

Mário Sabino é um jornalista brasileiro. Como muitos jornalistas, tem uma plataforma gratuita para lançar-se como autor literário (mas provavelmente vociferou contra a derrubada da exigência de diploma para o exercício do jornalismo e não aceitaria que autores literários tentassem a mão no jornalismo). Mário Sabino, ao que parece, nunca se notabilizou como repórter, mas chegou a cargos de mando relevantes em publicações como IstoÉ e, até recentemente, Veja. É um cara de ultra-direita (se for sincero), ou totalmente prostituído para a direita (caso não seja). Não tenho problemas com sua ideologia: apenas discordo antipodamente dela (em qualquer das hipóteses). Não estou aqui para falar de sua postura profissional, e nem sequer de suas qualidades de autor, mas do entrevero Sabino/Coelho. Quem não quiser ler a minha versão, pode procurar no Google, que está bombando com o assunto, ou ler a resenha do Luiz Nassif, um jornalista que, a julgar pelo que escreve, deve ser uma ótima pessoa (não o conheço pessoalmente).

Na qualidade de editor-chefe da revista Veja, Mário Sabino sofreu vários tipos de críticas quanto à sua conduta profissional. Estas críticas não me interessam. O que me interessa é que este período de sua vida coincidiu com o início de sua carreira literária. Tal como eu, Sabino é um late bloomer, ou seja, só começou a publicar tardiamente. A diferença é que eu publico em editora pequena e tenho quase nula repercussão. Sabino, devido ao poder emanado de sua condição de manda-chuva editorial de uma das principais publicações do país, publicou pela Editora Record. Tal como muitas celebridades, vendeu muito, mais pelo nome conhecido e pela divulgação recíproca entre seus pares. Provavelmente teria vendido algumas dezenas de exemplares apenas, se em vez de editor-chefe da veja ele fosse editor-chefe da Folha de Cabrobó ou da Gazeta Leopoldinense. É preciso desconfiar do sucesso que é alimentado pelo poder.

Pelo que pude verificar, Sabino publicou quatro livros durante sua fase na Veja (não sei e não quero saber se publicou algum antes): dois romances e dois volumes de contos, a saber:

O Dia em que Matei Meu Pai
Romance, traduzido para italiano, espanhol (Argentina), francês, holandês, inglês (Austrália e Nova Zelândia), coreano e romeno. Republicado em Publicado em Portugal. Ou seja: deve ser um livro razoável, ou não teria atraído tanta atenção. Se bem que ficou notoriamente fora de países importantes do mundo literário, como Espanha, México, Rússia, Polônia e Alemanha, e certas traduções foram publicadas na periferia (em inglês, na Austrália e Nova Zelândia, em espanhol, na Argentina). De qualquer forma, eu estaria rindo de orelha a orelha se tivesse tido repercussão igual.
O Antinarciso
Coletânea de contos, vencedor do Prêmio Clarice Lispector, da Biblioteca Nacional.
A Boca da Verdade
Coletânea de contos. Ao contrário dos dois livros anteriores, nem foi traduzido no exterior e nem ganhou prêmio.
O Vício do Amor
Romance, publicado recentemente, e pivô da crise com Paulo Coelho.

Na época em que era editor-chefe da Veja, os livros de Sabino foram bastante elogiados na imprensa brasileira. Aliás, os elogios e a vendagem de tais obras foi alvo de uma controvérsia, com suspeita de manipulação da lista dos Mais Vendidos, além de certas relações inadequadas no mercado editorial.

Nada disso importa, porém, se considerarmos que, por medo ou indiferença, os livros de Sabino eram elogiados (ainda que esses elogios fossem ouvidos apenas pelo eco), foram vendidos e foram promovidos na grande imprensa. Paulo Coelho, por exemplo, jamais se manifestara sobre o caso. E tinha direito, visto que ser autor de obras insuportáveis não impede um crítico de detectar a insuportabilidade alheia. Como meu dentista certa vez disse: «mau hálito você só sente o dos outros». Falta de talento é uma espécie de «mau hálito», mas, em nome da higiene universal da arte, não devemos esperar que somente os de boca limpa tenham o direito de se incomodar com o hálito alheio.

Acontece que Mário Sabino foi demitido (ou demitiu-se) da Veja no final do ano, em circunstâncias ainda misteriosas. A ser verdade o que se especula por aí, sua saída, se por demissão, foi em condições tão desfavoráveis que dificilmente ele ainda terá um futuro no ramo. Espero que tenha uma boa poupança. E não demorou para que se manifestassem alguns que permaneceram em silêncio durante todo o tempo em que Sabino detinha o poder fulminatório da Veja em suas mãos. Veículos de imprensa, como o Valor Econômico (que é um jornal de economia, não de literatura) e a Folha de São Paulo não perderam tempo em atacar-lhe justamente no que um autor (bom ou mau) tem de mais sensível: a sua auto-estima de criador. Depois que o inimigo é derrotado, aparecem muitos heróis para ir no campo de batalha cuspir nos cadáveres, dizia um antigo ditado polonês (ou iídiche, não consegui descobrir). Além de perder subitamente seu poder de editor-chefe da maior revista deste país, Sabino ainda foi chamado de vários adjetivos.

E justamente Paulo Coelho, notório autor de livros insuportabilíssimos, tuitou que o último livro de Sabino seria insuportável. A julgar pelas resenhas, deve ser mesmo. Mas por que razão será que Paulo Coelho deixou para falar mal de Sabino apenas depois de ele ter perdido seu emprego na Veja?

Em tempo, se alguém quiser tuitar que meu livro é insuportável, favor deixar o link do blogue e da editora. E se tiver mais artigos interessantes, talvez eu ponha no blogroll.

P. S. — não se trata aqui de ficar implorando por atenção. A questão é que, para um autor, a divulgação de seu livro é sempre interessante, mesmo que seja uma divulgação negativa. A literatura é uma das únicas profissões na qual um renome, mesmo horrível, ajuda a vender. Além do mais, ao contrário de certos autores, eu já desencanei de minha obra, e vejo os comentários, mesmo os mais críticos, com distanciamento. Quem não consegue esse distanciamento (e parece que o Mário Sabino ainda não consegue) acaba desestimulando a crítica, ou fazendo com que ela se torne rancorosa.


08
Jan 12
publicado por José Geraldo, às 20:40link do post | comentar | ver comentários (1)

Na qualidade de desconhecido pessoal de mais de noventa por cento de meus amigos virtuais,1 decidi estabelecer uma série de parâmetros através dos quais classificarei os conteúdos digitais que lerei. Obviamente tais parâmetros são necessários, pois o volume de informações na rede sendo tão grande, querer ler tudo seria como tentar uma coleção filatélica geral.2

Os parâmetros a que me refiro são, obviamente, arbitrários. Como minha vida é algo total e pessoalmente meu, reservo-me ao direito de fazer escolhas baseadas em critérios coerentes somente com as coisas em que creio.3 Reunindo em um conjunto único todos os meus conceitos, preconceitos e defeitos, proclamei os seguintes parâmetros para inclusão de blogs no meu blogroll e para inclusão de amigos no meu amigoroll.

Título em inglês
Não leio e não adiciono blogues com título em inglês. A menos, é claro, que sejam integralmente escritos em inglês, de preferência um inglês tão correto quanto o de um apresentador de notícias da BBC. Acho vulgar, pedante e tosco usar termos em qualquer estrangeirês para dar um verniz de «curtura» ou de «féchion» para qualquer coisa. Acho vomitivamente vulgar o xampu «Head & Shoulders». Eu ia pensando em dizer que acho isso «caipira», mas pensando melhor, não. Por outro lado, se o título for em uma língua exótica, como romeno, finlandês, vietnamita, curdo ou guarani eu até vou ler, mas dificilmente adicionarei.
Título em caixa alta
Escrever tudo em maiúsculas é uma maneira de chamar a atenção sem mostrar conteúdo. Você quer que o seu blogue apareça mais que os outros nas listas então ESCREVE O NOME GRANDÃO ASSIM. Isso é desrespeitoso com os outros pobres mortais que não tiveram esta brilhante ideia.4
Miguxês
Não gosto de conviver com idiotas. Ninguém gosta. Escrever com excesso de deformação ortográfica das palavras, inclusive dizendo ser uma questão de estilo, dá impressão de idiotice. Você precisa ser no mínimo um talento do tamanho do Guimarães Rosa para poder escrever fora da norma ortográfica sem parecer um fugitivo do Mobral.5
Mensagens de Pensamento Positivo
Nada tenho contra quem gosta dessas xaropadas pseudo qualquer coisa psicológicas baseadas em rasas leituras de auto-ajuda e versículos bíblicos. Se você gosta, afogue-se nisso e seja feliz. Mas eu não gosto. Minha opinião sobre auto-ajuda não é sequer publicável. Cada um com seus «pobrema» e cada um acha suas soluções. Quando não acha, procura. Soluções insistentemente chegando a domicílio são apenas uma fonte de incômodo.
Umbiguismo
Algumas pessoas gastam horas preciosas cada dia refletindo sobre o quanto são maravilhosas, fodásticas, bonitas, bem-vestidas, invejadas, ricas e bem-comidas (ou bem servidos, conforme o sexo). Gostaria de dizer a estas pessoas que, mesmo que eu concorde com um ou dois desses adjetivos, não tenho nenhum interesse em acompanhar cada dia a crônica de seus penteados, roupas, transas, tratamentos cosméticos ou festas chiquérrimas. Estou interessado no que as pessoas têm a dizer. Eu até poderia estar interessado em rostinhos bonitos e temperamentos desinibidos, se eu fosse solteiro e os donos de ambas as características não vivessem em outro estado, país ou planeta. Como não é assim, não se importe, por favor, se eu não quiser fazer papel de espelho diante de seu desfile de sensacionalidade.
Metralhadores de textos
Confesso que já fui um desses,6 mas detesto gente que posta vinte coisas por dia. Especialmente quem posta vinte coisas irrelevantes por dia. Eu quero seguir blogues que postem quatro ou cinco textos por semana, se muito.

1 Por extenso, porque só quero ser lido e compreendido por quem presta atenção no que lê.

2 Este blogueiro teria grande prazer em ser lido por pessoas que sabem o que é uma «coleção filatélica geral», e um prazer supremo em ser lido por pessoas que já tentaram fazer uma «coleção filatélica», de qualquer tipo.

3 Isto inclui achar tosco e primitivo um funk com melodia de dois ou três acordes, mas ao mesmo tempo ter orgasmos sonoros ouvindo uma canção do Ramones, do Clash ou do Joy Division. E se você não entendeu a associação, está na hora de expandir seu horizonte musical.

4 Escrever em maiúsculas é como gritar. Imagine-se em uma sala onde todos estão falando civilizadamente, cada um pedindo licença na sua vez. Então uma pessoa começa a gritar sem pedir licença. Obviamente todos vão ouvi-la, já que não podem bloquear os ouvidos. Mas se todos começarem a gritar do mesmo jeito, ninguém mais ouve ninguém.

5 Este blogueiro dá certa importância a pessoas que sabem o que foi o Mobral. Não para discriminar quem se beneficiou dele, mas porque as pessoas que têm este conhecimento também conhecem uma série de outras coisas a respeito de uma época triste de nossa História, mas cara a esse que vos escreve.

6 Não há nada de errado nisso. Eu não sou obrigado a querer nos outros aquilo que eu tenho/tive em mim.


07
Jan 12
publicado por José Geraldo, às 00:11link do post | comentar

Esta foi uma pergunta que me fiz durante um bom tempo. Esta postagem pretende esclarecer a resposta, com números frios e inquestionáveis. Mas antes de passar aos números gostaria de, primeiro, colocar na mesa as cartas que vou jogar, para que fique clara a linha de raciocínio que pretendo seguir.

Tipos de recompensa que o blogueiro pode esperar

Entendo que há três tipos de recompensa a que pode aspirar quem publica conteúdo na internet, a saber: notoriedade, remuneração e autossatisfação. Acredito que os termos são de uso corrente e é quase desnecessário defini-los para o público em geral. Mesmo assim, para que não reste sombra de dúvida de meu caminho, vou defini-los segundo o meu entendimento.

O blogueiro busca notoriedade quando pretende que o conteúdo de seu blogue repercuta e lhe franqueie acesso a editoras, imprensa ou algo assim. Quer remuneração quando pretende ganhar os caraminguás do AdSense ou fazer contratos de publicidade. Estas são as duas principais formas de recompensa a que um blogueiro aspira. Ambas estão interligadas, unha e carne entre si, embora não de forma automática. Quem atinge notoriedade costuma obter remuneração. Não necessariamente ocorre o mesmo na situação inversa: blogue pode render dinheiro e ser irrelevante. Não necessariamente ocorre uma coisa como consequência da outra: blogues relevantes podem não render dinheiro, ou render menos do que o blogueiro espera. A relação que ocorre é que dificilmente se ganha dinheiro com um blogue irrelevante, desconhecido.

Sobre a terceira forma de recompensa eu não vou falar porque ela já está superada para mim. Já não faço coisa alguma pensando em apenas «mostrar para os amigos» ou obter algum tipo de prazer narcisístico em «estar na web». Desta forma, deixo claro aqui que minha análise sobre «valer a pena» se refere exclusivamente aos dois primeiros aspectos.

Os blogues não são todos iguais, nem os blogueiros

Não pretendo me comparar livremente com qualquer outro cidadão da blogosfera. Tenho consciência de minhas limitações, inclusive geográficas. Não espero ter o mesmo tipo de repercussão que um blogueiro da moda que frequenta as festas das capitais, tem amizades em jornais e está perfeitamente antenado com o momento. Especialmente tenho consciência de que blogues de literatura não são como blogues de humor, de informática ou mesmo de contos eróticos. A literatura atinge um público menor e específico. Obviamente não criei meu blogue esperando ter vinte mil visitas diárias e ganhar três mil reais por mês só com AdSense. Suponho até que casos assim — no Brasil — são invenção de blogueiro boquirroto que gosta de gabar-se.

Existe um segundo aspecto de diferença envolvido: o já citado elemento geográfico. Uma vez que a maior parte do público da internet se localiza nas grandes cidades, especialmente Rio de Janeiro e São Paulo, parece-me natural que blogueiros ali também localizados tenham mais facilidade de acesso ao público, por falarem de assuntos que dizem respeito a esse público. Reza a lenda, porém, que a internet tem o poder de derrubar estas barreiras culturais e apresentar o nosso trabalho ao mundo, e que blogues são úteis para isso. Meu blogue foi, de certa forma, um experimento nesse sentido.

O que eu realmente esperava obter

Sendo verdade a ideia de que a internet remove barreiras culturais e franqueia acesso ao mundo para quem está isolado no interior — e eu acredito que isto seja verdade — meu objetivo era avaliar em que medida este efeito se sente, e se vale a pena confiar nele para, através de um blogue, romper a casca de indiferença com que a capital olha para o interior. Então, de forma simplista, poderia dizer que meu objetivo era, com o blog, obter um público, pequeno que fosse.

Delimitação do experimento

O blogue «Letras Elétricas» foi criado em 19 de agosto de 2010 a partir de um blogue anterior, chamado «Maldição Eletrônica», no qual eu escrevia sobre a utilização de ferramentas específicas de linha de comando, como o LaTeX, para produzir lay-outs profissionais de livros e revistas. Com o tempo foi rareando meu interesse no tema e, com os problemas que meu antigo site estava tendo desde que o serviço de hospedagem fizera upgrade de seus servidores, acabei começando a postar textos literários nele. Então, no dia 19 de agosto de 2010, mudei o nome e a URL do blogue, acrescentando-lhe também contador de visitas (oculto) e AdSense.

Os dados utilizados para as estatísticas que vou analisar foram coletados entre 01 de setembro de 2010 e 31 de dezembro de 2011, um total de 487 dias. Optei por não considerar os dados referentes ao mês de agosto de 2010. Não apenas por ser um mês incompleto, mas também porque acredito que não havia, ainda, tendências estabelecidas que valesse a pena analisar.

Resultados

Ao final do artigo há um gráfico contendo uma visualização dos dados que passarei a analisar. Você pode consultá-lo para compreender melhor as tendências que detectei. Eis uma tabulação dos dados coletados junto ao Analytics:

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