Em um mundo eternamente provisório, efêmeras letras elétricas nas telas de dispositivos eletrônicos.
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Fev 12
publicado por José Geraldo, às 10:56link do post | comentar

Um poema (originalmente sem título e sem data) encontrado datilografado no verso de uma folha de rascunho perdida em uma das muitas caixas de papel velho em minha biblioteca. Miraculosamente salvo do lixo, não consigo imaginar a razão pela qual este texto não foi incluído entre os meus «poemas completos» anteriormente.

Temo ferir o teu viçocom os espinhos que adquiri.Talvez a dor, no entanto, a faça ver mais cedoo que tão tarde eu descobri:não há salvação sem a verdade,não há destino sem partilhae não há felicidade,absolutamente.Mas isso não quer dizer somenteque estou insensível: não o ouso dizer, apenas digo.Preciso de um clarão no horizonte,e de calor em minhas mãos,mas isto só se acha ondeeu ache algo que não caiba em mim.Não fui sempre este estranho,sou o que me fui tornando.Não quero mais unir-me ao mundocom toda sua ânsia.Caminho só por entre as pessoascomo um romeiro anônimo de um santo antigo,atravesso pontes como um cão mutiladoem uma estrada hostil,como uma formiga entre os doces da festa.Insignificante,ignorado,incomunicável.Como exigirei que se solidarizem com meu absurdo?Não posso sequer exigir que alguém fique.Eu sei que já era assim quando você me viu,mas não precisa ficar mais, pode fingir que descobriuporque eu sei que os olhos do amor escondem muito.Não, não vou mudar. Ninguém muda ninguém. Ninguém muda.Todos apenas se tornam cada vez mais aquilo que vão ser.Mas como não sei viver nas trevas e sem nada,como não sou bom adivinho, nem Teseu no labirinto,nem artista de circo e nem gênio de caricatura,vou seguindo a trombar entre ilusões, como a sua.Ah, é esperar demais de mim, você pedir que eulhe demonstre mais afeto.Não tenho tanto amor assim:Amor é algo tão restrito, tão pequeno,tão pouco nesse mundo, tão oásis. Como você quer que eu tenha em abundânciao que serve de lenda e consolo para todos,mas não brota como um pasto pelo chão,mas sim como um cacto nas cinzas.Ah, é esperar demais de mim, você pedir que eulhe demonstre mais afeto.A nudez dos sentimentos é pior que a do corpo.Que pouca é a vergonha que você acha que eu tenho!Ah, não. Não é que eu insisto em feri-la.Não sou ferino como você acha,Apenas quero ilusões segurascomo a de não amá-la.

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