Em um mundo eternamente provisório, efêmeras letras elétricas nas telas de dispositivos eletrônicos.
27
Out 12
publicado por José Geraldo, às 22:08link do post | comentar | ver comentários (6)
E para quem achava que repetição de erros de organização era algo que só acontecia com o ENEM, «coisa do governo» e, portanto, incompetente, eis que, pelo segundo ano consecutivo, lá temos sob questionamento de novo o maior prêmio literário do país, o Jabuti, conferido pela Câmara Brasileira do Livro.

Para quem não se lembra, a polêmica do ano passado se deveu ao romance de autoria de Chico Buarque ter sido escolhido «livro do ano» mesmo sem ter sido vencedor em sua categoria. Trocando em miúdos: uma obra que não conseguiu ser o melhor romance do ano foi vista como o melhor livro. Faz sentido na lógica psicodélica dos concursos literários que, como se sabe, são um tipo delicado e culturalmente desejável de empulhação. Empulhação consentida pelas partes, embora algumas vezes certas pessoas fiquem amargas.

A polêmica deste ano se deveu às notas conferidas por um dos três jurados na categoria romance. O ainda anônimo «Jurado C» deu respectivas notas zero e um e meio a duas obras que haviam tido notas médias anteriores maiores do que as do livro que veio a ser o vencedor. Trocando em miúdos: prevendo que o seu favorito (a quem deu 10) perderia, o «Jurado C» deu notas ridículas aos principais concorrentes, para forçar a vitória de seu candidato.

Não existem justificativas para a crítica dar notas abaixo de cinco a um romance que chega às finais de um prêmio nacional de literatura. É preciso uma dose muito grande de paulocoelhice para um romance merecer zero. Tanto assim que nem mesmo os romances do mago chegam a merecê-la, no geral. É de se imaginar que obras publicadas por editoras sérias (aham), escolhidas por critérios literários sérios (aham), submetidas a processos competentes de revisão, se chegarem a integrar a lista dos dez favoritos, merecem pelo menos um cinco. Cinco é a mediocridade absoluta. E mediocridade é o mínimo que se espera de um autor publicado «no esquema». Abaixo da mediocridade reina o desastre, a falta de continuidade, os solecismos, os desconhecimentos semânticos, a anfibologia, o plágio e toda uma gama de coisas que tornam a leitura do livro impossível a não ser pelos infelizes revisores que são obrigados a ler.

Portanto, as notas dadas pelo crítico são indefensáveis segundo qualquer parâmetro crítico que se queira adotar — e isso quer dizer que elas evidenciam a manipulação deliberada do resultado final. Que seria outro se outras tivessem sido as notas desse frustrado indivíduo que gargalha em sua cadeira, como um deus mitológico, depois de fulminar os pobres mortais.

As notas deste crítico, sozinhas, são um tapa na cara de todo escritor brasileiro. Elas revelam um estado de espírito que não pode ser isolado. Se este crítico fosse o único a se sentir um «deus das notas», capacitado a definir resultados de prêmios que influem nas vidas de pessoas, a sua atitude teria encontrado mais repúdio, o processo teria sido cancelado. Outra análise seria feita. Tudo para não entregar a um jovem autor, estreante no romance, um prêmio que lhe pesará mais na estante do que uma bola de ferro acorrentada ao calcanhar. Para todo o sempre o escritor Oscar Nakasato será o autor que só ganhou o jabuti porque um crítico deu zero a Ana Maria Machado.

No lugar de Oscar, eu compareceria a cerimônia, sabendo que ela seria filmada, subiria ao palco, receberia o troféu, mas em seguida o recusaria, destinando-o publicamente ao Jurado C que, ao demonstrar tamanha vontade de influenciar no resultado, revelou-se único «dono» do troféu, a ponto de decidir conscientemente a quem dá-lo. Desta forma, recusar o troféu seria restituí-lo ao dono. Seria uma saída digna. Pessoas dignas costumam recusar honrarias imerecidas ou polêmicas. Escroques não, porque eles vivem para obter honrarias, merecidas ou não. Kissinger aceitou um Prêmio Nobel da Paz por ter assinado a paz da Guerra do Vietnã, uma paz que poderia ter saído quatro anos antes se ele não tivesse ajudado a sabotar as negociações para favorecer a vitória dos Republicanos em 1968. Para ganhar uma eleição, o futuro Nobel da Paz fez mais 250 mil pessoas morrerem. Humor negro no Vietnã é dizer que Kissinger ganhou o Nobel da Paz.

Se o romancista paranaense fizer isso, certamente será declarado persona non grata nos meios editoriais brasileiros para todo o sempre, e amém. Mas se aceitar o troféu, a vida inteira vai ter alguém para implicar consigo dizendo: «aquele troféu você só ganhou porque um jurado maluco deu zero para a Ana Maria Machado, cara». Olhem o tamanho da injustiça que o júri do Jabuti impôs a esse cara. Ninguém merece ter que fazer uma escolha dessas: entre uma atitude digna que atrai catástrofes e uma atitude cautelosa que preserva uma polêmica (alguns dirão covarde, mas eu que sei o que pena um escritor não tenho coragem de usar esta palavra contra o Nakasato). Por isso eu vou entender se o cara aparecer com seu melhor terno, sentar onde «o moço» manda, esperar quieto a sua vez, aplaudindo a vez dos outros, subir no palco com desajeitamento natural ou simulado (pois novato tem que ser desajeitado), agradecer à família, à Deus, à pátria, ao público e levar o troféu para casa, caladinho. Nem todo mundo é maluco. Nem sei se eu seria. Mas que adorável seria o mundo se os malucos governassem.

Alguns dirão que o tempo passa, as polêmicas são esquecidas e o que importa são os títulos conquistados, e só os perdedores choram. É a lógica deprimente do sucesso a qualquer preço. A lógica de uma espécie de selva moral que nos empurra para o abismo e para o salve-se-quem-puder. Uma lógica que está na moda, mas a moda pode mudar as pessoas começarem a dar exemplos. Eu quero viver em um país onde as pessoas rejeitem vitórias obtidas de forma ilícita ou em decorrência de falhas do processo. Por isso eu preferia que o Chico Buarque tivesse recusado seu Jabuti no ano passado, considerando que ele, sendo quem é, precisa muito menos dele do que o Nakasato, que está começando agora. Mas Chico ficou com o prêmio, sem sequer um protesto, e se apequenou. Sorte dele é que os ídolos não precisam ser perfeitos.

18
Out 12
publicado por José Geraldo, às 01:17link do post | comentar | ver comentários (1)
Decidi-me a um passo radical nas minhas relações facebookianas. Estou começando a cortar relações com pessoas com quem não tenho conhecimento direto e, simultaneamente, não formam, em minha opinião, um público potencial para a minha literatura. Vou cortando esta turma porque estou cansado de conversas vazias que não vão a lugar nenhum, cansado de gente cheia de certezas, idênticas ou opostas às minhas.

Acredito que esta medida higiência me favorecerá bastante. Ajudará a me manter afastado da internet e mais perto de coisas como árvores, bichos e trabalho. Mesmo que não tenha esse condão, pelo menos me afasto de uns malas.

Esta semana fiquei conhecendo três.

O primeiro mala é aquele cara que posta coisas e depois reclama se você comenta. O segundo é o mala que te adiciona a grupos que ele acha que você quer participar. O terceiro é o mala que só sabe falar em Jesus.

Eu digo que fiquei conhecendo esses malas somente esta semana porque eu nunca tivera a oportunidade de trombar com eles. Mas tenho a certeza de que já os intuía antes: alguns me acompanhavam desde os tempos de Orkut.

Meu contato com o primeiro mala ocorreu quando ele postou um comentário qualquer, de cunho extremamente provocador. Era alguma coisa sobre uma campanha para desacreditar a campanha movida por alguns grupos na internet em favor de que seja também julgado o chamado «mensalão mineiro». Seu comentário foi o de que não há necessidade de julgar nada daquilo, porque é tudo mentira mesmo, já que a justiça até hoje não achou o que julgar, ou algo assim. E que o livro «Privataria Tucana», que acusa os acusadores do atual governo, seria uma «peça de ficção». Quando eu comentei que ele estava agindo movido por fé cega, sem prestar a mínima atenção à coerência, o mala me atacou com uma versão sofisticada daqueles dizeres de auto ajuda barata, algo como «eu nunca fui poluir o seu mural com as minhas opiniões, por que você vem me criticar no meu?» Senti-me atingido porque, de fato, era o mural dele e, de fato também, ele nunca comentara suas opiniões de ultra direitista no meu mural. Mas se eu não tenho o direito de comentar, mesmo acidamente, o que um «amigo» posta em seu mural, então esse não é um «amigo» meu, apenas um sujeito que está adicionado, sabe-se lá por que acaso. A única reação possível, diante da distância ideológica e da necessidade de preservação de seu cercadinho mental, foi a que tomei: desfazer a amizade. No momento em que o fiz, percebi que existem dezenas de outros «amigos» meus que tampouco são amigos: porque não tenho conhecimento pessoal seu, e nem confiança para, em algum momento, comentar livremente o que postam. Amigos que só aceitam comentários laudatórios ou neutros não são amigos. São pessoas que precisam ser ignoradas.

O segundo tipo de mala é mais sutil e, de fato, eu não tenho enfrentado esse problema nas últimas semanas, desde que excluí alguns adicionadores contumazes. Mas foi só nesta semana que eu percebi que essa prática também é um abuso, e um motivo para não somente eu excluir os «amigos», mas a própria conta no Facebook. Aguardarei o lançamento do segundo livro e talvez o faça.

O terceiro tipo de mala tem me atacado menos, e esse era, talvez, o que eu mais tinha noção anterior de sua existência. O que mudou esta semana foi a percepção de que, invariavelmente, a pessoa que toca no assunto Jesus nas primeiras vezes em que você conversa com ela é alguém que tem Deus na cabeça — e mais nada. Existem muitas pessoas que acreditam em Deus e são simpáticas, mas há pessoas que acreditam que a crença é uma desculpa para ser mala permanentemente ou,  pior, que se tornam tão obcecadas que se tornam malas sem querer. Eu não tenho saco para discernir os dois tipos: ignoro ambos.

Há outros tipos de malas bastante incômodos também, como o mala prolífico, aquele que resulta em 76 notificações de atividade, ou o mala científico, que é uma espécie de crente pregador das últimas descobertas científicas. Ambos são de dar dor de dente em galinha. Imagine você abrir suas notificações e ler que «Beltrano de Tal curtiu uma notícia em G1.com», daí você clica e lê que «Mônica Bérgamo (quem?) prepara pizza com Angélica». Ou, no caso do mala científico: «Observatório americano descobre que Plutão tem 0,5% mais merdato de bóstium do que se esperava — descoberta deve revolucionar a teoria das brânquias hipersônicas de Andrômeda». Daí você passa à notificação seguinte e outro «Fulano de Tal» curtiu uma página com «Todos os personagens de 'Malhação' se reúnem para homenagear Zé Ninguém das Couves». Você ignora, mas a notificação seguinte, novamente, do amigo científico, lhe lembra «Asteróide de 0,025 toneladas passou a 0,05 unidades astronômicas da Terra nesta noite». Daí você assusta achando que foi algo grande que passou perto e descobre que foi uma bosta de pedregulho irrelevante de 25kg que nos errou por um vigésimo da distância até o Sol.

Eu estava acostumado a conviver com esses dois malas, e mais o que a cada cinco minutos compartilha um versículo fofoso da Bíblia, ou uma pérola de auto ajuda. Nesta semana percebi o incômodo dos malas políticos que, por uma estranha coincidência, estão inundando o Facebook de calúnias contra o Fernando Haddad, o Lula, o Hugo Chávez e até contra as cerejas de bolo (porque também são vermelhas). Já vi gente dizendo que «Serra é lindo» (tem gosto para tudo, até para vômito) e outro dizendo que «tinha mais é que acabar com essa merda de democracia para afastar esses petralhas do poder». Sei muito bem o que é isso: é uma campanha de astroturfing em plena ação. Esses idiotas aparentes não vão continuar postando isso depois que acabar a eleição: quem está pagando vai deixar de exigir produtividade e eles vão voltar a compartilhar auto ajuda ou notícias irrelevantes, só alguns mais impressionáveis vão continuar bajulando os candidatos. É difícil conviver com isso, não tenho mais tanto tempo. Prefiro cair fora e torcer para eles caírem na real quando precisarem trocar as fraldas, melhor do que caírem na real quando houver tanques nas ruas, e não para lavar roupa suja.

Então, para evitar esse desgaste de meu humor, estou apagando essa gente chata e dedicando meu tempo livre a assistir os filmes do Monty Python e a pesquisar na Internet por discos de violeiros. Isso enquanto O Pecado da Tristeza não sai — e já tá demorando uma meia eternidade.

10
Out 12
publicado por José Geraldo, às 21:38link do post | comentar | ver comentários (1)
Tradução de um trecho avulso de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll (obra que se acha em domínio público, tradução feita por mim, ao improviso, já aviso). Com um título novidadoso, homenageante aos recentemente condenados. Dedicado aos que foram condenados, independente de serem ou não culpados, não pelo que fizeram, mas pelo que são.

Disse-lhe o gato
ao rato: «Venha
logo seu bobo
jogarmos
um jogo:
Vamos
ambos
à lei.
Eu lhe serei
promotor
e tu réu.
Venha agora
o tribunal
não demora.
Julgaremos
teu mal
no final.
É que
hoje estou
sentido
e vazio
e mal consigo
o que sirva
para fazer.»
Disse-lhe
o pobre rato
ao gato:
Um júri assim
de improviso,
companheiro,
sem juízo e
nem jurado,
tão sorrateiro
seria errado,
uma perda
de tempo.»
«Júri
e juiz
posso eu
mesmo ser»,
Explicou,
esperto,
o bichano.
«Farei
de tudo
no ato,
que a ti, rato,
réu nato,
condenará,
sem pena,
ao prato.»
Permita a reprodução em qualquer meio, com crédito ao tradutor, que soy yo, se possível sempre com link.

08
Out 12
publicado por José Geraldo, às 23:01link do post | comentar
Tenho pouca paciência com as coisas grandes.
Minha vida é tão pequena, e o mundo também.
Tantas coisas grandes só servem para espremer-nos,
Obrigar-nos, coagir-nos.

Uma das vantagens de se fazer versos
É que quando as linhas ficam assim,
Umas encima das outras,
Você pode dizer pequenos absurdos
E as pessoas leem com seriedade.

Os grandes absurdos, porém, estes não,
Não cabem nas linhas curtas dos poemas.
Para estas obscenidades que matam e que ferem
São necessários ensaios e romances.

Deixem em paz, portanto, os poetas.
Os pequenos poetas.
Jardineiros de ideias brotadas cedo,
Pastores de si mesmos.

Não venham zombar dos poetas
E seus pequenos abusos
Contra a ordem sobrenatural das coisas.
Preocupem-se primeiro
Com as coisas grandes e graves.
Especialmente aquelas que nascem
De gente que nunca escreveu poesia.
assuntos:

02
Out 12
publicado por José Geraldo, às 00:14link do post | comentar | ver comentários (1)

Às vezes a palavra que dizemos corta inadvertidamente quem está perto. É como brandir uma espada longa1 em círculo sem saber que alguém chegou pelas nossas costas. Culpa da espada? Do espadachim? Da vítima? Ou mero acaso.

Anteontem ofendi seriamente um amigo facebookiano por causa de minha postagem aqui.

Postei pensando num hábito irritante de dois ou três debatedores em um grupo político onde participo, sujeitos pedantes que gostam de pontuar suas frases com barbarismos léxicos achando que assim se mostram descolados. Essa fato me puxou o fio de muitas memórias, desde os tempos de Orkut, quando me cansei de ver garotos de 16 anos que tinham ido à Disneylândia achando que tinham cabedal para escrever um romance ambientando nos States.

Este amigo facebookiano me escreveu pedindo meu voto em uma espécie de concurso que está sendo promovido pelo Clube de Autores.

Mal sabia que o amigo facebookiano justamente me pedira para opinar num caso desses. Ele é o autor amador de um romance que começa por um título em inglês, que está ambientado em algum lugar dos Estados Unidos e tem uma história chupada diretamente dos filmes de terror americanos. Eu ainda não opinara, afinal o pedido era recente e eu tinha motivos razoáveis para supor que teria bastante tempo para analisar o livro e decidir se merecia ou não o meu voto. O fato de eu passar os fins de semana longe de meu computador pessoal era motivo suficiente para eu esperar pela semana.

Porque eu jamais daria meu voto sem ler a obra. A função de um concurso não é votar por amizade e nem pela beleza da capa: se esse era o tipo de voto buscado, buscou com a pessoa errada.

Então, inocente do conteúdo da obra que eu deveria avaliar, postei o que postei e segui com a vida. Hoje ao abrir o facebook me deparei com um irônico «agradecimento» do meu amigo e senti cheiro de coisa errada. Cliquei na ligação para o voto e detectei na hora de que se tratava.

Imagino que o meu amigo tenha razão para estar ofendido. Receber uma crítica é sempre ruim, porque de certa forma é como se alguém nos contasse que não somos geniais. E todo mundo se acha especial, genial. Mesmo uma crítica enviesada como essa, que só o atingiu na base do efeito colateral e da carapuça espontaneamente vestida.

Ao meu amigo só posso dizer que se acostume, e que aproveite. Viver para a arte é assim. Você se esforça e depois vem um idiota e diz que o seu trabalho é uma porcaria. Às vezes você passa a vida inteira sendo desvalorizado por idiotas e vira gênio depois que morre. Mas em muitos casos os idiotas têm razão e as pessoas ficam pensando porque você insistiu tanto, como o motorista da piada do barbeiro na contramão da Via Dutra.2

No fim das contas é muito difícil quem escreve, compõe ou faz qualquer coisa artística conseguir ter uma visão clara e definida da qualidade do que escreve. Em geral esta visão só se consegue com o tempo. Com cabelos brancos que nos embaçam os olhos e nos fazem enxergar o valor real do que fazíamos aos vinte anos. Para sorte da literatura nós só adquirimos a sabedoria tarde demais, e temos tempo de ser ousados antes, para o bem e para o mal — mais frequentemente para o mal, mas os fracassos se perdem no esquecimento, então não há nenhum grande prejuízo, a não ser para quem se ilude.

Muito Nero morre tangendo sua lira, sem nunca entender porque as plateias não aplaudiam. Em alguns casos eram platéias estúpidas, mas esse é um julgamento feito pela posteridade, então o melhor que o artista faz é não se matar por causa disso, nem perder suas amizades.

Diz um ditado piegas que «com as pedras que me atiraram fiz o meu castelo». Você não precisa fazer um castelo, mas se ficar jogando de volta não ganhará nada. Infelizmente esse tipo metafórico de pedras não serve para fazer castelos, o que é uma grande pena, mas serve para construir metafóricos muros mentais dentro dos quais o grande artista se isola com as pessoas que gostam do que ele faz.

Não sei se isso é errado, sei que não gosto. Queria que mais gente viesse me insultar aqui, enfiar o dedo nas feridas, gritar os meus defeitos.

As poucas coisas que aprendi na vida incluem uma constatação: se fazemos uma escolha certa desde o início é por mera sorte. Em geral deixamos de cair nos buracos porque alguém grita. Mas alguns têm a perseverança de ignorar a gritaria e seguir. Alguns são gênios, mas a maioria só fica teimando em coisas que ninguém quer, e que não sabe fazer direito.

Quem sou eu para julgar qual é o caso, mas reservo-me o direito de gostar do que escolho gostar. Quem vem me pedir que goste de outra coisa deve estar atento: não se pede a um atleticano que torça pelo Cruzeiro «só para ajudar».

1 O nome em português da longsword conhecida dos jogadores de RPG, Skyrim e outros jogos de guerra. O nome inglês evoca apenas o fato de ser comprida, em português se evoca o fato de ela ser tão grande e pesada que normalmente era usada apenas por cavaleiros (daí «montante», a espada que se usa montado a cavalo). Guerreiros excepcionalmente grandes e fortes costumavam lutar usando montantes a pé para intimidar seus inimigos com sua força, mas isso era só uma exibição gratuita de ignorância, sem muito efeito bélico.

2 A piada do motorista barbeiro na Via Dutra. Um motorista seguia pela Via Dutra, enquanto ouvia o rádio e xingava os outros motoristas por suas barbeiragens. O rádio deu a notícia: «Atenção motoristas que trafegam pela Via Dutra no sentido São Paulo/Rio, há um maluco dirigindo pela contramão na altura de Resende.» O motorista ouviu isso e comentou consigo mesmo: «Nossa, eles não sabem de nada! Um só!!!? Ahahah!»


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