O amor de Noêmia é súbito e simples,alívio de dívidas e dúvidas que doem.Espera que açoitemos sua carne rudecom nossas vontades incultas e cruas.Sua passagem aromática pela praçatraz promessas e segredos aos jovense somos expostos ao beijos que esparge,complexas gotas de trevas que escapamde seu sorriso assimétrico e rígidoe escorrem por suas carnes estreitaspelas descontinuidades e curvas.O amor de Noêmia é nota de amargoe seu sorriso, incensado e insincero.Nota-se desespero no cálculo segurode suas mãos que nunca tremem,de seus olhos que estão sempre duros.O amor de Noêmia espalha lacunase lemos léguas de frio em sua pele.O seu corpo habita um claro na noite,ela brilha com vontade, habita na luzcom sua calça vermelha e seus olhos.Floresce em súbitas cores, Noêmiaa mulher que voeja pelos escuros.Olhos rasos, líquidos, atípicos, oblíquosque nos miram duramente, e prometem.O amor de Noêmia tem consigobem no centro de algum lugar perdidouma culpa que esmaga, uma dor que ardesomente nela, nunca nos que a tentam.Mas quando ela passa, trazendo certezaé como uma aurora que rompe, um portona noite imensa, em meio a imagensquebradas e armazéns, todos vazios.