Em um mundo eternamente provisório, efêmeras letras elétricas nas telas de dispositivos eletrônicos.
05
Jun 12
publicado por José Geraldo, às 22:59link do post | comentar

O Facebook Não Serve Para o que Eu Quero. Cheguei a esta constatação analisando hoje o modo como esta rede social tem se desenvolvido desde que comecei a interagir através dela, há cerca de um ano, egresso do Orkut. Não estou aqui querendo dizer que o Orkut fosse «melhor» (apenas diferente), ou dizendo como eu acho que o Facebook deveria ser. Apenas compreendi que estou perdendo muito tempo aqui para pouco resultado. Ainda continuarei utilizando a rede, mas apenas para finalidade recreativa — e muito menos do que faço hoje — porque as minhas esperanças com ela deixaram de existir.

Os meus objetivos ao interagir em redes sociais são manter contatos profissionais e atrair leitores para o meu blog literário. O problema a que me refiro é que o Facebook não serve para nenhuma destas duas coisas. Então, devo usá-lo para o que serve e desencanar disso para que não serve. Manter contatos profissionais fica bastante difícil se você só pode adicionar pessoas que já conhece ou com quem já interagiu (amigos de amigos, por exemplo). Não posso, por exemplo, encontrar e contatar um tradutor lá do estrangeiro para passar meu livro para a sua língua. Para atrair leitores fica ainda mais difícil, porém.

Ao contrário do Orkut, que era centrado em suas «comunidades», onde as pessoas interagiam, mesmo as desconhecidas, o Facebook é um cercadinho que procure lhe oferecer sempre «mais do mesmo». O Orkut lhe dava a opção de escolher, o Facebook tenta escolher por você e só será possível escapar da oferta limitada e controlada de informação que ele lhe oferece se você se dedicar ativamente a remover os obstáculos. Algo que eu já sei fazer, mas que não tenho o direito de esperar que os meus potenciais leitores façam pelo privilégio de me lerem.

Constato esse problema cada vez que vejo o número de adesões ao meu Google Friend Connect. Quando deixei o Orkut, em julho ou agosto de 2011, eram 83 conexões. Hoje são 81. Além de não ter ganho nenhuma nova conexão em quase dez meses, perdi duas (certamente um fato esperado, devido às contas que caducam ou são eliminadas pelo Google). Evidentemente menos pessoas estão tomando conhecimento da existência de meu blogue — e por isso menos pessoas o estão seguindo.

A explicação para isso é simples: somente têm acesso às minhas publicações (entre elas as atualizações das postagens do blogue, feitas por um aplicativo chamado RSS Graffitti) as pessoas que assinam o meu feed ou que são amigos próximos com quem interajo frequentemente. As demais pessoas nunca saberão do que eu estou falando. Isto quer dizer, em essência, que o Facebook retira das redes sociais justamente o seu maior atrativo, que era a amplificação do discurso individual e a possibilidade de interação em larga escala. Nesse sentido o Orkut era revolucionário e anárquico. O Facebook não tem nada disso.

Por esta razão não estranhem os meus cada vez mais frequentes desaparecimentos da rede social. Estarei procurando outros meios de divulgar o meu trabalho. E vai sobrar menos tempo para ler publicações nos perfis dos amigos.


Ó raios...

Sim, todas as redes sociais com que me deparei atualmente, incluindo aí o Diaspora*, carecem de algo similar às comunidades do Orkut.

Na realidade, no caso do Facebook, até algo assim, que são os "grupos" e, de certa maneira, as próprias páginas (ainda que estas sejam mais restritas ou pelo menos diferentes, mais aprecidas com um perfil).

Mas a maioria das pessoas, no Facebook, aquelas que tenho visto pelo menos, querem cada vez menos "interagir".

O contato social que é possível com os grupos no Facebook, ainda que eu considere o Orkut muito melhor nesse ponto, não é muito utilizado, ou é mal utilizado, tornando-o sem efeito.

Procura-se o protagonismo, ao invés do convívio social. E quando todo mundo está olhando apenas para o próprio umbigo, ninguém tem tempo de "ler mais ninguém".

Triste, mas só com uma rde muito gira e focada verdadeiramente no convívio social isso seria capaz. Só não sei é se essa hipotética rede faria muito sucesso...

Abraços e se sumir, não suma completamente ;)
Jauch a 6 de Junho de 2012 às 07:50

Em um ano, o número de novos escritores aumentou muito. Está difícil encontrar pessoas dispostas a ler realmente.

A ansiedade por ser lido faz com que as pessoas façam leituras superficiais, e isso se reflete nos comentários. Tenho visto comentários que mais parecem um anúncio de "visite meu blog" ou "leia meu livro".

Quando um escritor anuncia sua falta de tempo para escrever, está também demonstrando sua falta de tempo para ler. E isso é um desestímulo para os "leitores escritores".

Atualmente, raramente comento sobre o que leio, principalmente nas redes sociais. Cansei!
lenise-m-resende a 6 de Junho de 2012 às 16:13

Eu ainda tenho tempo para escrever, mas estou menos estimulado a escrever para o blog para o Facebook. Tenho várias obras que vivem somente em meu HD.

Tenho também procurado ler mais e escrever menos. Aprendo muito quando leio, mas não posso aprender muito no Facebook.

Outro problema se refere à imagem. E desse eu já tinha falado anteriormente: não posso me dar mais ao luxo de ficar entrando em questiúnculas e polêmicas, devido ao cargo que hoje ocupo. Tenho que sair da "praça" virtual.

Mas esse problema seria menor se houvesse mais retorno.

De resto, Lenise, não acho que menos tempo para escrever implique em menos tempo para ler, ao menos não da maneira como você o expôs. Autores amadores (como eu, que tenho um emprego que ocupa 13 horas de meu dia) precisam dosar a sua dedicação. No meu caso, ainda tenho que dar atenção à família. No pouco tempo que me sobra, tenho que fazer malabarismo para conseguir escrever alguma coisa.

Então quando anuncio menos tempo para escrever, isso não deve ser visto como uma "falha" minha: é consequencia de eu não ter conseguido até agora projeção suficiente para profissionalizar-me. Isso, claro, não é culpa minha, a menos que você culpe um autor como Fernando Pessoa por nunca ter conseguido profissionalizar-se... rsrss. Não tenho pretensão de comparar-me com pessoa, mas acho relevante dizer que ás vezes o autor está fora de seu tempo, e isso impede que se profissionalize.
Jose Geraldo Gouvea a 7 de Junho de 2012 às 14:31

É desagradável ver que você não entendeu meu comentário - falha minha. Se quiser apagá-lo, apague!

Para evitar que isso se repita não farei mais comentários aqui.
lenise-m-resende a 8 de Junho de 2012 às 00:06

Eu nunca fui muito fã do facebook e resisti muito antes de dar minha cara por lá (continuo passando por lá só de vez em quando).

Bom, olha só essa reportagem que aborda esse tema, achei muito interessante (não é do meu blog..rs..) http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2012/06/nova-forma-do-autoritarismo-virtual.html
Flávio O. S. a 9 de Junho de 2012 às 19:49

Denise, não tive a intenção de ser ofensivo. Desculpe-me se fui interpretado desta forma. Quis apenas adicionar alguma coisa complementando o que você havia escrito.

Não vou apagar. Talvez outro leitor entenda melhor do que nós.
Jose Geraldo Gouvea a 9 de Junho de 2012 às 22:36

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