Em um mundo eternamente provisório, efêmeras letras elétricas nas telas de dispositivos eletrônicos.
21
Fev 13
publicado por José Geraldo, às 11:05link do post | comentar | ver comentários (1)
Bem, sacode o negócio agora, menina (sacode o negócio)
Rebola e dá um gritinho (rebola e dá um gritinho)
Vem, vem, vem, vem cá, menina (vem cá, menina)
Vem cá fazer a coisa se mexer (fazer a coisa se mexer)
Bem, fazer a coisa se mexer (fazer a coisa se mexer)
Você sabe que você é muito boa (é muito boa)
Você sabe que você me bota para andar (me bota para andar)
Do jeito que eu sabia que andaria (eu sabia que andaria)

Bem, sacode o negócio agora, menina (sacode o negócio)
Rebola e dá um gritinho (rebola e dá um gritinho)
Vem, vem, vem, vem cá, menina (vem cá, menina)
Vem cá fazer a coisa se mexer (fazer a coisa se mexer)
Você sabe rebolar, novinha (rebolar, novinha)
Você sabe rebolar tão direitinho (rebolar tão direitinho)
Vem cá rebolar mais pertinho (rebolar mais pertinho)
E me deixa saber que você é minha (saber que você é minha))
Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!

Desafio trollagem da semana. Quem compôs esse funk proibidão aí e quem gravou a versão mais famosa. Quem adivinhar ganha um exemplar do e-book "A Casa no Limiar".

13
Jan 13
publicado por José Geraldo, às 10:57link do post | comentar
O prédio das repartições municipais era bonito, histórico, razoavelmente bem depredado e detestável. Entrei pela porta de madeira bruta, entalhada a machado, em busca do departamento de arrecadação do imposto predial e territorial urbano, onde deveria tentar obter, pela quarta vez em trinta dias, uma certidão negativa que me habilitasse a hipotecar a minha própria casa para poder custear o tratamento da doença terminal de minha mulher. Um dia falarei sobre isso, sobre a obrigação que temos de dilapidar o futuro dos filhos para fingir que tratamos da morte inevitável dos vivos, tudo porque a sociedade nos culpará se sobrarmos razoavelmente ricos depois de uma desgraça na família.

Impus ao meu rosto a melhor seriedade que ainda podia fingir, mascarando bem o alívio de saber que o sofrimento da querida Estela não duraria muito mais, e talvez nem fosse preciso usar a certidão. Somente assim, preparado para o luto, eu poderia transitar entre os conhecidos sem olhares reprovadores.

A sala do departamento de arrecadação era caracterizada pelas cadeiras desconfortáveis, de madeira nua e irregular, e pelo verniz meloso que estragava as calças de quem se sentasse durante muito tempo. Ainda teríamos muitos meses a esperar de pé até que os pobres peões de roupa suja e costas cansadas fossem curtindo o excesso de verniz até aquela cobertura caramelenta se transformasse numa sebosidade escura e segura. Lá dentro não havia senão um ventilador, que girava exclusivamente pelo amor de gastar alguma eletricidade, visto que a velocidade de grama crescendo com que girava não servia nem para refrigerar o próprio mecanismo. A sala de espera, dotada do conforto luminoso de amplos janelões de vidro que davam para o pôr do sol, estava separada do gabinete do oficial por uma porta que dava para uma sala refrigerada. O expediente começava ao meio-dia.

Ainda achei um lugar para me recostar próximo à parede oposta à janela. Se fosse atendido rápido ainda teria a bênção de não ter que aturar o sol das três horas. Teria ficado recostado lá, em cômodo silêncio, se não tivesse entrado o Rogério Justo, que eu não via há tanto tempo que mal lembrava seu rosto. Ele tinha sido um grande amigo de meu pai quando eu era menino, fora responsável por alguns bons presentes que ganhei de aniversário, e por muitas vezes que ele chegou em casa tarde e com cheiro de cachaça, para desespero de minha mãe. Felizmente meu pai nunca chegara sem dinheiro no bolso. Jogava, mas incrivelmente ganhava sempre mais do que perdia, e sempre voltava das noitadas quite com a despesa: o lucro gasto em bebida e salgadinhos. Andava afastado desde que meu pai se tornara abstêmio e ele não, mas ainda se cumprimentavam quando se encontravam pelo mundo.

Estávamos ainda nos cumprimentando quando Eleonora Gomes entrou, carregando um grosso envelope nas mãos. Tinha as unhas pintadas de rosa claro e um par de óculos em uma armação que combinava tanto com elas quanto com o tom dos sapatos, o tipo de luxo que ostenta cuidado obsessivo com a aparência. Era uma das conhecidas que fizera em minha carreira de representante comercial. Conhecida apenas. Mantenho distância de pessoas complicadas, especialmente as ricas. Levo uma vida simples e bastante sozinha. Gosto assim.

Achei-a bastante tranquila, apesar da recente perda de uma prima e o seu gênio, inalterado. Depois de breves minutos alternando entre respondê-la e ao Rogério, dei-me conta da falta de educação que estava cometendo:

— Desculpem-me a falta de educação, eu nem me lembrei de apresentá-los. Eleonora, esse é o Rogério, amigo de minha família, lá de São Pedro. Rogério, essa é a Eleonora, filha do Joaquim Gomes, lá de Leopoldina.

Eles se cumprimentaram cortesmente, com a urbanidade comercial e neutra que se espera nos dias de hoje. Deixei-os à vontade para darem continuidade à conversa, porque estava mais preocupado com a minha vez na fila do que com qualquer assunto que eles pudessem começar. O sol ia avançando pelo chão, como uma doença que se espalha, e a a fila andava lentamente demais. De vez em quando eu interrompia minha preocupação para dar um ou outro empurrão no assunto. Numa dessas vezes o empurrão funcionou tão bem que eles entraram numa conversa que tardou quase meia hora, e me colocou no meio:

— Você sumiu de Leopoldina, Eleonora.

— Estou agora vivendo em Governador Valadares. Meu marido está trabalhando com mineração por lá, temos uma empresa grande, que presta serviços à Vale do Rio Doce.

— Interessante, dizem que aquela região voltou a crescer bastante nos últimos dez anos — comentei, sem nenhuma intenção especial.

Foi a deixa para que ela começasse a falar sobre as maravilhas de lá, do pleno emprego, das oportunidades de negócios, do fluxo de pessoas e coisas. Eu até comecei a ter vontade de abandonar o meu emprego e ir para lá também. Felizmente eu sabia que ela era dada a exageros, especialmente quando falava de si mesmo e de suas infinitas qualidades. A menção de que o marido estava no ramo de mineração acabou atraindo Rogério para o assunto:

— Eu também estou no ramo — ele disse. Mas claro que não tenho uma empresa grande. Aliás, eu não trabalho diretamente com minério, eu alugo caminhões para as mineradoras.

— Pois é, menino. Lá em Valadares o negócio tá crescendo tão depressa que está faltando caminhão. E os que aparecem estão cobrando um horror. Meu marido está tentando conseguir 150 caminhões trucados para transportar minério, mas se for pagar o preço que andam cobrando ele não vai conseguir ter lucro. Você não conhece, por acaso, quem possa nos arranjar esses caminhões?

— Uai, eu posso — disse o Rogério. Eu arranjo esses 150 caminhões para você. E eu sei quanto andam pagando por lá. Eu faço por vinte por cento a menos se me der um contrato.

Eu me assustei um pouco com a afirmação do Rogério, que não me parecia ser o dono de tanto caminhão, especialmente numa cidade tão pequena quanto São Pedro.

— Mas, Rogério. Você tem tanto caminhão assim, homem? Com cento e cinquenta caminhões dá para levar embora São Pedro inteira!

— Uai, só eu tenho uns vinte a meu serviço, e eu arranjo o resto com amigos, parentes ou conhecidos. Fácil.

— Não vai sobrar um caminhão num raio de noventa quilômetros se você arranjar 150 caminhões para ela.

Rogério ficou um pouco ofendido com a insinuação. Mas reafirmou que conseguia.

— Passe o seu telefone, por favor — pediu a Eleonora.

Rogério não se fez de rogado e cantou o número de um telefone móvel. Ela tomou nota dele em uma folha avulsa de papel, retirada de dentro da bola, mesmo estando com o próprio celular à mão. Anotar um telefone num pedaço avulso de papel é desejar perdê-lo, para ter a desculpa de não ligar. Desculpa talvez desnecessária, pois um número citado tão depressa talvez estivesse errado.

Estávamos nisso quando chamaram a senha do Rogério para um dos dois guichês de atendimento, e logo a minha. Saímos de lá, separadamente, para resolver nossos problemas pessoais, deixando Eleonora com o telefone anotado e aquele seu belo sorriso escancarado.

Nunca soube se ela ligou, ou se o número estava certo. Porque eu mesmo não tomei nota dele. Só sei que continuou duvidando que haja tanto caminhão em São Pedro, ou num raio de noventa quilômetros. Tanto quanto duvido que Eleonora tenha uso para 150 trucados em seja qual for a empresa de seu marido. Ela é dada a exageros, só não contava que a gente de minha terra fosse dada a mais. Com 150 caminhões trucados não sobrava nenhuma casa em São Pedro. Não sobrava, talvez, nem a Pedreira Velha.
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27
Dez 12
publicado por José Geraldo, às 00:07link do post | comentar
Você não ouviu falar de Christopher Schewe. Dificilmente terá ouvido falar de “shoenice22” — seu nome de usuário no YouTube. Não perde grande coisa, mas a vida e as apresentações deste assim chamado “comediante” da internet podem servir de base para algumas reflexões interessantes sobre quão doentia é a psique coletiva da humanidade.

Sim, você que é bem informado provavelmente já tivera o primeiro vislumbre do real valor do ser humano ao saber que aproximadamente 55% de todo o tráfego da internet se refere a pornografia. Recentemente tomei conhecimento de informações mais precisas sobre o chamado “lado negro da web“, ou “Deep Web“, que corresponde a mais de 90% do conteúdo da internet, e é o domínio de toda espécie de seres ditos “humanos” (entre aspas) que nem deveriam ter o direito de estar vivos: traficantes de drogas, assassinos de aluguel, pedófilos, estupradores, traficantes de escravos, pervertidos sexuais, canibais etc.

Todas estas coisas existem porque há um público. Só quem pregou no deserto foi João Batista.

Mesmo na internet “normal” existem coisas que não parecem normais, que evocam o lado negro, ou simplesmente a filhadaputice encarcerada dentro de cada cavalheiro ou dama. E não é preciso procurar muito, porque parece que estamos chegando a uma “geléia geral” difusa, sem fronteiras entre o aceitável e o escroto.

Houve um tempo em que o povo não tinha nenhum controle sobre a programação do rádio ou da televisão que assistia.  As pessoas, sensatamente, sabiam que tudo aquilo era uma idealização da realidade — que, muitas vezes, recebiam a informação filtrada por olhos e mentes que haviam visto e pensado primeiro. Como dizia Raul Seixas: “Eu não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz”. Sempre havia um tolo que acreditava na novela, mas era do tipo que a gente ria.

O povo, porém, consumia sem entusiasmo este feno pasteurizado que era produzido pelos meios de comunicação de massa. No fundo, as pessoas ansiavam por ver coisas mais viscerais. Lembro do entusiasmo com que meus coleguinhas de escola falavam dos golpes de “tele-catch” ou de filmes de terror como “Sexta Feira 13”, “A Hora do Espanto” e “Halloween”. Acredito até que foi o sucesso estrondoso deste último filme que impulsionou a popularidade das festinhas promovidas pelos cursinhos de inglês, que, enventualmente, sairam de lá e cairam no gosto do povo, como uma espécie de carnaval gótico fora de época.

No fundo sentíamos saudades dos monstros de circo e dos espetáculos extremos. Em séculos passados era possível ir à feira no domingo e ver uma bruxa sendo queimada ou um criminoso sendo estripado na praça. O populacho adorava estas cenas de sangue, nisso filmes históricos hiperviolentos, como “Coração Valente” não se enganaram.

Esse impulso inspirou Kafka a escrever uma de suas mais brilhantes histórias, “O Artista da Fome”, sobre um pobre diabo que atrai a atenção do público jejuando, possivelmente por dinheiro ou talvez por migalhas de atenção apenas. As pessoas querem vê-lo passar tempos cada vez maiores sem comer, trancado em sua jaula, como um miserável animal.

A Internet já nos brindou com algumas figuras tão melancólicas quanto o Artista da Fome, mas nenhuma tão semelhante a ele quanto “shoenice22”. Ele é o legítimo palhaço triste, em toda sua inglória. Com pouco mais de quarenta anos de idade, divorciado, pai de duas filhas, veterano da Guerra do Golfo, filho de hippies fumadores de maconha e concebido e criado num trailer sujo (suas próprias palavras, em um de seus primeiros vídeos). Seu rosto sempre crispado por uma agonia que pode ser física ou não, Christopher propõe e aceita desafios de seus “fãs” pelo mundo. Desafios que consistem em comer ou beber coisas que não deviam ser comidas ou bebidas, ou então comer ou beber coisas de uma maneira inatural e socialmente inaceitável.

Enquanto o francês Michel Lotito comia coisas (quase sempre de metal) cortadas em pequenos pedaços, ao longo de um grande espaço de tempo (levou dois anos para comer um monomotor Cessna 150), Christopher “ShoeNice” Schewe come coisas que possa cortar com os próprios dentes e engolir de forma rápida, filmadas em vídeos sem interrupção, que posta no YouTube com o subtítulo de “funniest man alive”. Mas não é engraçado.

Schewe já comeu uma barra de desodorante sólido, um rolo de papel higiênico, um cheeseburguer com plástico e tudo. Já bebeu vodca, absinto, álcool líquido e tequila. Já bebeu fluido de isqueiro e água de narguilé.

Eu deveria estar tecendo muitas considerações sobre ele, mas é tarde e meu cérebro já desligou. Continuo na quinta feira, amanhã.

23
Set 12
publicado por José Geraldo, às 21:31link do post | comentar
Um poema satírico inspirado por uma postagem de minha amiga Ana Feijó da Cruz no Facebook.

Eu juro
Sou de um tempo passado,
em que cupcake se chamava bolinho,
blush se chamava ruge,
van era furgão
sale era liquidação.

Nunca me ocorreu
chamar meu amor de love,
nem referência de benchmark,
nem interessado em stakeholder,
nem artigo de paper
e nem discurso de keynote.

Hoje vivo perdido
comendo cigarrette em vez de enroladinho.
Nunca mais vi jogarem bola ao cesto
e nem futebol de salão.

Acho estranho quando chamam
stickers de adesivos e
entrega em domicílio de delivery.
Especialmente se houver alguma coisa free
nos cookies que compro no shopping.

17
Jun 12
publicado por José Geraldo, às 13:18link do post | comentar | ver comentários (2)

Vão me xingar dos nomes mais diversos, mas hoje tive de admitir: sou do tempo em que os divertimentos inocentes eram bem mais inocentes e as coisas simples eram bem mais fáceis de conseguir. Enquanto estou aqui tentando esquecer uma crise de fígado vendo bobagens na internet, eis que ouço a patroa e as crianças na sala, vendo televisão. O simples fato de haver uma televisão ligada no domingo à tarde já significa que existe uma neblina de estupidez no ar, mas a gente não liga televisão para aprender, mas para distrair. O caso é que a atração que estava passando me fez pensar que, talvez, a entrevista forjada do Gugu com líderes do PCC não foi o momento mais escroto da história da televisão brasileira — e já vou explicar por que.

A «atração» (entre aspas porque deveria causar repulsão) é um quadro do programa da Anna Hickman que se chama «Interrogatório» e consiste em fazer convidados pseudofamosos adivinharem, através de tentativa e erro, com dicas dadas a cada erro, uma cena de crime. Funciona assim: alguém da plateia escolhe um dos convidados do dia, e diz que ele matou alguém famoso usando algum método inusitado. Os convidados, claro, estão isolados acusticamente do auditório. Durante vários minutos a seguir a apresentadora indagou umas doze vezes a cada um deles «quem você matou», «por que você matou» e «como você matou». A atração foi divertida, ao que parece, pois a plateia deu gargalhadas com a dificuldade de Sidney Magal para adivinhar que teria matado Neymar na praia com uma linguiça.

Ora, dirão, os descolados, por que você está escandalizado com isso? É apenas uma diversão inocente. Achar graça da ideia de matar alguém é apenas uma coisa divertida para se pensar num domingo à tarde. Errado estou eu, de achar isto deprimente. Mas eu não achei graça nenhuma, tanto quanto Neymar não deve ter achado. Mas errado estou eu.


09
Mar 12
publicado por José Geraldo, às 21:57link do post | comentar

…ou não andavam tão bem acompanhados. Era um mundo melhor, no qual você não se fazia ouvir nem na esquina, mas podia pelo menos desfrutar da doce sensação de que as suas ideias não seriam incompreendidas e ridicularizadas por idiotas.

O ser idiota é um ser coletivo, gregário, agremiado, associado, mesmo que informalmente. Ninguém consegue ser realmente um idiota quando está sozinho porque o eco das paredes nos dá a estranha sensação de que não somos geniais ou, ainda pior, de que nossa genialidade nunca será compreendida. Em ambos os casos poupamos o mundo de nossas palavras por tempo suficiente para que amadureçam, ou amadureçamos, ou emudeçamos, ou apodreçamos.

Um grupo de pessoas apenas moderadamente bobas pode transformar-se em uma turba vociferante de trogloditas. Um babaca não comprará uma briga contra o carinha que lhe «olhou torto» na rua, um grupo de babacas pode massacrar um mendigo pelo prazer de ouvir ossos quebrando. Coletivamente, a idiotice se potencializa. Mas remova cada um dos idiotas de seu bando e você terá um gatinho educado. Sem «amigos lá fora» para impor sua interpretação idiota do mundo, o gatinho aprenderá a negociar, a conversar. Esta é a grande virtude das prisões: as prisões deveriam ser o «cantinho pensamento» para os meninos maus da sociedade. Infelizmente, vivemos numa sociedade em que os castigos são vistos como manifestações autoritárias da tradição. Talvez sejam, mas negociar uma entrada honrosa no mundo adulto é algo que já saiu meio de moda. Todos querem entrar arrombando, pisoteando, idioteando.

O mundo era melhor no tempo em que não havia tantos bandos de valentes, no tempo em que os valentes se orgulhavam de resolver sozinhos. Hoje em dia, já que estamos ficando modernos, resolvemos redescobrir a Idade Média e trouxemos de lá o que os franceses chamavam de melée, a guerra bruta e desorganizada que só terminava quando os vivos começavam a tropeçar demais nos mortos. A guerra estúpida e bárbara contra a qual a civilização procurou impor códigos de cavalaria, tréguas dominicais, direitos de asilo, honra militar etc. Briga em porta de escola é um choque de bandos, ninguém ali possui individualidade, são idiotas que se entregam ao espírito do bando — e todo bando é necessariamente idiota, todo partido é utópico, toda associação é ingênua, todo grupo é meio besta. Houve um tempo em que afirmar-se como indivíduo era sinal de honra. Hoje, a folha de grama que se destaca é aparada.

Conformem-se, garotos que estão hoje nas escolas. Vocês não terão a permissão de viver com a liberdade que eu vivi. Eu vivi sob uma ditadura os meus tempos de escola, mas vivi mais livre do que vocês. Porque as correntes com que nos amarramos a nós mesmos são as mais difíceis de romper. Quem romperá a corrente de massificação, de idiotização? Experimente gostar de uma garota diferente, ouvir uma música diferente, passar por uma rua diferente, vestir-se com uma roupa diferente. Escárnio, no começo, xingamentos, pouco depois, talvez uma pedrada na testa ou, se for possível, um linchamento. Moral ou físico, já tanto faz. Não existe muita vida depois que você perde o direito de ser você mesmo. E passa a ser um dos idiotas do bando.


14
Fev 12
publicado por José Geraldo, às 21:45link do post | comentar | ver comentários (1)

Dei-me conta disso por causa de um desses movimentos literários altruístas e anticapitalistas que surgiram por aí. Acho que o nome é «Doe um Livro», ou coisa parecida. Eu estava esperando em uma fila de banco, ocasião em que o bom gosto fica seriamente comprometido e você pode se pegar lendo com interesse o verso de sua fatura de cartão de crédito ou uma brochura publicitária esquecida por um cliente que foi embora. Estava eu justamente desesperado em busca de letras para ler quando uma moça bonita, apesar do estranho piercing negro em seu nariz, que parecia um troço de catarro, me ofereceu um livro.

— Não, obrigado — recusei educadamente como minha mãe me ensinou a fazer da primeira vez para toda e qualquer oferta.

— Por favor — insistiu a garota com um sorriso de teclado de piano, ou melhor, de sanfona, porque o seu rosto não parava quieto em cima do pescoço.

— Mas… você está… me dando o seu livro…

— Oh, sim. Por favor, não estranhe.

Então ela me falou uns três ou quatro minutos sobre seu movimento de difusão da leitura, sobre a ideia de comprar o livro, ler e depois dar para alguém ler. Acho que era «Esqueça um Livro», ou algo assim, esqueci…

Recebi o livro, cuidadosa e femininamente encapado em plástico vermelho, com uma falta de jeito provinciana. Acho que jamais na minha vida um estranho me dera qualquer coisa além de motivos para desconfiança.

Mas enquanto o recebia notei o olhar fuzilante do segurança em nossa direção, verdadeiro agente da repressão ignara, pronto para confiscar a obra ou para dizer que tínhamos de consumi-la em leitódromos cuidadosamente controlados. Ele veio andando em nossa direção, deixando balançar na cintura o grosso cassetete preto, mais volumoso que os braços de cigarra da garota sorridente e irriquieta. Que se levantou apavorada, uma traficante surpresa pela visita da viatura. Ela se misturou entre os clientes, aproveitando-se de sua estatura de ninfa, e nunca mais a vi.

O guarda chegou perto demais, e me abordou com uma voz de tuba:

— Aquela garota estava incomodando o senhor?

— De forma alguma, ela só me deu iss…

Ainda estava com metade de «isso aqui» dentro da boca e ele já arrancara o livro de minha mão.

— Eu fico muito revoltado mesmo com esse tipo de coisa. É um absurdo completo!! A barbárie tá tomando conta do país, a imundície se alastra pelas ruas e qualquer cidadão de bem está exposto.

— Mas ela só…

O guarda arrancou a capa do livro com violência, usando seus dedos de elefante. Só então percebi do que ele me salvara, quase em lágrimas, agradeci-lhe efusivamente como se ele fosse um irmão que eu não vira por vinte anos:

— É mesmo vergonhoso que a gente não possa esperar em paz na fila do banco sem correr o risco dessa violência — eu lhe disse.

O mundo de Farenheit 451 seria terrível. Baixos espíritos literários são mais memorizáveis do que o Grande Sertão: Veredas, e para malus1 adicional a presença de um declamador de romance de auto-ajuda na sua vizinhança é mais agressiva do que a presença de um romance do Mago na estante, presente da namorada que acha lindo você ser escritor e pensou que lhe estava agradando muito com aquela obra cheia de verdades.2

1 Um «neolatinismo» inventado para ser o antônimo de «bonus».

2 O autor sugere que este conto seja lido de forma iterativa, retornando ao começo depois de ler o último parágrafo, e assim sucessivamente até o leitor ter a certeza de que realmente passou a odiar o autor.


10
Dez 11
publicado por José Geraldo, às 18:40link do post | comentar

Se você acredita que alguém vai mandar vinte e cinco centavos para a família de uma criança com algum tipo de problema grave de saúde, parabéns, champz!, pode continuar compartilhando, mas eu não faço isso.

Primeiro porque a função do Facebook não é essa de ganhar centavinhos para famílias necessidades, segundo porque essa história é antiga e não passa de uma farsa criada por desocupados sem noção e só serve para poluir todo ambiente de convivência virtual.

Isso acaba funcionando porque a maioria das pessoas acha algo muito moralmente bonito dar um clique para "ajudar". Um clique não custa nada, não doi, e não envolve o «nojinho» de ficar perto de uma dessas pessoas. É como a história do "Mandarim" do Eça de Queirós. Aperte este botão e um rico mandarim morrerá na China e você receberá sua herança milionária. Apertar o botão é fácil, você não verá a morte do sujeito, não terá que conviver com as consequências da miséria de sua família. Então aperte-se o botão! No caso destas campanhas você não recebe uma herança milionária, mas uma consolação moral, a auto-satisfação de achar que está fazendo alguma coisa para ajudar alguém, mesmo que esta alguma coisa seja um mero clique, cujas consequências você não enxerga e não tem como controlar. É um tipo de fé: eu acredito que com esse clique eu salvei o menininho deformado, mesmo tendo me negado na semana passada a doar para a APAE ou para o Asilo da minha cidade. A salvação do distante me consola na minha convivência com o próximo necessitado.

Boa sorte a você que acha que de clique em clique vai salvando o mundo. Eu já desisti de argumentar com a fé cega das pessoas.


30
Ago 11
publicado por José Geraldo, às 23:45link do post | comentar | ver comentários (1)

Sou um escritor amador. Isto significa que me acomete uma série de dificuldades no exercício do que, para mim, está limitado a mero hobby. E mesmo assim ainda tenho de ouvir certas opiniões espantosas. O escritor — inclusive o amador — tornou-se subitamente um ser incensado com grandes responsabilidades: é ele quem deve dar continuar a tradição da “língua pátria”, construir a “identidade nacional”, oferecer “bons exemplos para os estudantes” etc. É muita atribuição para alguém que só tem algum respeito quando ganha muito dinheiro. Porque em relação a escritores, o povo respeita os que ganham dinheiro. E respeita o dinheiro, não os livros escritos e vendidos, que viraram esse dinheiro. Dinheiro. E antes que eu me esqueça: dinheiro.

A primeira grande barreira diante do escritor amador é o tempo. Ser amador significa ter de dedicar as melhores horas do dia a uma atividade produtiva. A esta atividade devem ser dedicadas as melhores energias também, visto que é nela que o escritor amador ganha o seu sustento e o respeito da sociedade. Terminado o dia — com os braços cansados, os olhos doídos, os dedos duros e as costas ardendo — o escritor amador terá de olhar para suas paredes e encontrar nelas indícios de inspiração para produzir uma página que seja. Se não o faz por um tempo muito longo, os seus amigos blogueiros dirão que está “perdendo a mão” e suspeitam que em breve abandonará o ofício.

A segunda grande barreira é o tempo. Ser amador significa ocupar a maioria das horas do dia em uma atividade “séria”. Não basta que sejam as melhores horas, estamos obrigados a ocupar também a maioria delas. Oito ou nove horas por dia, no mínimo e com alguma sorte, estaremos ocupados com o vil metal e as prosaicas preocupações com o mingau nosso de cada dia, que Deus não nos dá, mas vende. Terminado o dia — já cansado e já vendo todas as portas descendo e todas pessoas entrando em seus ônibus — o escritor amador terá de fazer “atividades de divulgação”, tais como ir a escolas mostrar seus livros, ir a livrarias mascatear seu produto, ir a feiras, exposições, fantasias, mercados diversos. Deve também atualizar seu blogue, contactar seus contatos no Facebook e quejandos. Com alguma sorte ainda se lembrará da ideia que teve às nove da manhã e mal teve tempo de prender num pedaço de papel solto.

A terceira grande barreira é o tempo. O escritor, amador ou não, compete com uma série de outras coisas pela atenção de seu leitor. Algumas coisas são óbvias, como o nada. Não ler nada é sempre mais atraente, para muita gente, do que ler qualquer coisa. Ler cansa, ler é um saudável “exercício”. Mas se existe um público que supera esta barreira, o amador terá que vencer, antes de atingir a este grupo, uma série menos óbvia de coisas que competem pelo tempo do leitor possível: outros escritores, amadores e profissionais, inclusive os mortos de vários séculos, que continuam vendendo, e vendendo barato, graças a não cobrarem mais direitos autorais e serem exigidos em vestibulares e concursos, o que motiva grandes edições baratas, e geralmente porcas.

E o escritor amador, que já poderia se sentir um quase hércules por vencer estres três trabalhos que valem por doze, descobre, então, estupefato, que há quem ponha a culpa pela falta de leitura desse povo justamente nos escritores que são “elitistas”, que não “vão até onde o povo está” ou que não “divulgam ativamente o seu trabalho”.

Com todo respeito, gostaria de dizer algo a quem me diz isso: tudo é fácil para quem não tem de fazer. Eis o segredo do pensamento positivo ditado pelos gurus da auto-ajuda: falar é fácil. Tem quem ache gelo mole porque morde água.

Em um mundo ideal, costureiras costuram, construtores constroem, consertadores consertam. Mecânicos (pelo menos os idôneos) não saem pela rua “caçando oportunidades” para mostrar seu talento. Costureiras não saem de agulha e dedal à mão esperando vestidos rasgarem na rua. Construtores não passam perguntando se você não está precisando aumentar um puxadinho na casa. Escritores também não deveriam sair de livro na mão perguntando se alguém não quer ler suas histórias. Quem faz isso é pastor na praça, não autor. Não autor que se respeite. Não autor que se dê ao respeito.

Escritores deveriam, principalmente, escrever. Já existe muita coisa impedindo que o pobre do escritor amador escreva. Se ele sair pela rua rodando poesia pelas esquinas em busca de clientes isso lhe roubará tempo em que poderia estar produzindo, aprimorando, tornando-se melhor escritor.

Não recrimino quem mascateia o que escreve. Cada um sabe quanto pesa a sua cruz. Muitas vezes somos forçados a fazer coisas que não queremos ou que não deveríamos fazer, apenas pela necessidade do dinheiro. Quantas vezes um autor que anda pela rua montando banca para vender livro não pensou: “eu poderia estar em casa terminando aquele conto ou revisando aquela novela”. Mascatear pode ser bom para desovar uma caixa de livros, mas é tempo gasto em coisas secundárias.

Afinal, quem tem a responsabilidade de despertar o gosto pela leitura é a escola, quem tem que construir a identidade nacional é a sociedade e quem deve continuar a tradição da língua pátria é o povo. O escritor até pode querer fazer um pouco disso, como o passarinho da fábula, levando gotas d'água para apagar o incêndio da floresta. Mas não lhe exijam isso, amigos. Não ponham nas costas destas pessoas que vocês, de fato, não respeitam, a responsabilidade de tanta coisa. Em um mundo ideal haveria demanda por poesia. E os poetas não precisariam convencer as pessoas da necessidade de ler, mas da preferência de lê-los.


07
Ago 11
publicado por José Geraldo, às 20:57link do post | comentar
Eu não devia te dizer. Mas essa lua, mas esse conhaque… deixam a gente comovido como o diabo — Carlos Drummond de Andrade.

Nos encontramos em um bar imaginário, durante uma digressão sonambúlica. Tentei assaltá-lo com uma pergunta, mas ele é refratário a tais abordagens e sempre reverte a tentativa com uma proposição inesperada. Ontem, por exemplo, quando lhe perguntei quem eram as pessoas cujos nomes ele me recomendara conhecer, ele ignorou o que eu dissera e me perguntou se eu tenho escrito. Reconheço que é inútil tentar conduzir a conversa quando se trata dele, então acabei aceitando a pergunta, na esperança de que as dobras do assunto acabassem por esbarrar na resposta do que eu queria descobrir.

Então lhe disse que andava escrevendo pouco, pois preciso de muito silêncio para refletir, e silêncio é uma mercadoria rara, que bem valeria a pena pagar caro para consumir e que eu queria muito, mas muito mesmo, fazer alguma coisa que atraísse atenção, que me trouxesse leitores. Enquanto falávamos disso, e não das outras coisas que eu queria estar discutindo naquele momento, ele ergueu o dedo, como costuma fazer quando está entrando em transe filosófico, e decretou, como um profeta diante do Templo:

— Acredito que você pode fazer qualquer coisa, desde que não tenha a ilusão de que será lido. Ninguém mais lê ninguém. Não dá mais tempo. Há tanto para fazer, tantas sensações para experimentar.

— E no entanto o que nos resta fazer: ganhar centavos de atenção promovendo eventos inúteis? Ficar em casa trancados em nossas ilusões, esperando que alguém nos leia?

— Você fica?

Tive vergonha de admitir que ainda sonhava em ter leitores. Mas ele não me ridicularizou por isso, não ainda. Apenas disse:

— Não tenho mais a ilusão de que um dia serei lido. Estamos no fim de uma era, meu amigo. Sinto-me como um dos últimos romanos, talvez um que escreveu depois da queda do Império. Sinto-me como se já escrevesse em latim bárbaro, como se eu próprio já fosse filho bastardo da civilização que se foi. Que respeito terá o futuro por mim? Ninguém se lembra dos decadentes.

— Se for mesmo assim, meu amigo, pelo menos nos restará termos vivido e amado, da forma especial com que cada ser humano vive e ama.

Ele ouviu a minha frase com impaciência, quase espreitando uma interrupção para cortá-la, com a faca ensanguentada de seu pessimismo:

— Eu digo mais: não seremos amados.

— Nem mesmo pelas putas?

— Acreditar nelas é uma ilusão romântica estúpida. Putas não são românticas, são só mulheres pobres ou viciadas vagabundas que se degradam por dinheiro. Só péssimos poetas têm a mania de acreditar que possa haver uma Dama das Camélias. Exceto pela tuberculose, tudo era ilusão.

— Não quis dizer que a puta nos ame, mas ao vil metal. Quis dizer que ela nos dá amor em troca de nosso dinheiro.

— Nem isso. A puta não precisa do dinheiro, mas das coisas que ele compra. E sempre escolherá quem tenha mais, da mesma forma como o mineiro preferirá a jazida maior: para não ter de viver sempre à procura.

— Ah, mas você está insuportável hoje. Logo quando eu estava sentindo uma vaga inspiração para escrever uma poesia.

— Esse troço de “vaga inspiração para poesia” é frescura.

Tive de rir da minha própria inocência. Eu já devia saber que aquele iconoclasta não resistiria à oportunidade de reduzir a pó minhas intenções póeticas.

— Eu já escrevi poemas, você sabe. Hoje não mais. Eu tive uma revelação sobre o amor que me matou a poesia: nós não amamos ninguém, nós apenas buscamos satisfações.

— Como assim, meu amigo?

— Não amamos o ser, mas a perspectiva daquilo que o relacionamento com tal ser poderá nos dar: prazer, dor, conforto, orgulho, dinheiro. Diga-me, você gosta de amendoeiras, não?

Ele certamente conhecia minha fixação por estas árvores curiosas, sendo uma das poucas pessoas a quem eu mostrara alguns antigos textos sobre elas.

— Sim, gosto.

— É mentira. Você gosta de amêndoas, ou da sombra que a árvore lhe dá. Se a amendoeira não desse amêndoas e nem sombra, você certamente a desejaria destruir.

Naquele momento me senti firme para discordar:

— Isto não é exatamente verdade: existem várias satisfações possíveis, além da mera utilidade.

— Se é uma satisfação, então é uma utilidade. Nada que satisfaça a algo ou alguém é inútil.

— Mas mesmo que ela fosse inteiramente inútil, mesmo que eu a desejasse destruir… você não acha que o impulso de destruir é uma forma de desejo?

— Mas nesse caso você gosta é da destruição, não da árvore inútil.

Mais uma vez, derrotado. Ele perdeu a poesia, que ainda tenho, mas possui uma agudeza que constrange. E tendo sufocado minha resposta ainda no fundo da garganta, sentiu-se a cavalo para pontificar:

— Se você ama a alguém, é porque essa pessoa lhe faz algum bem. Se essa pessoa cessar de lhe fazer esse bem, você deixará de amá-la.

— Creio que há um engano aí, meu amigo. Você subestima a perversidade do ser humano. Na verdade matamos a amendoeira, apesar da amêndoa e apesar da sombra. O homem é como o escorpião da fábula.

O meu amigo ergueu as sobrancelhas ao ouvir-me dizer isto. Interrompeu sua profecia por alguns segundos, bateu na mesa, quase derrubando a cerveja, e admitiu, para minha glória momentânea:

— Você tem razão! Como não pensei nisso antes!? Isto é irracional, mas é verdade.

— Verdade seja dita, meu amigo, é justamente por ser irracional é que é tão humano. É mentira que sejamos diferentes dos animais por agirmos racionalmente, nós somos diferentes deles porque podemos suicidar-nos. Razão é apenas o nome que damos àquilo que nos diferencia do nosso cão, que não sabe dar nomes às coisas.

Meu momento de glória foi abatido em pleno voo por outro ataque de cinismo da parte de meu amigo:

— E quem sabe se o cão não dá nomes às coisas? É possível que apenas não saibamos compreender os nomes que ele dá.

Parei o copo de cerveja no ar, a meio caminho da trajetória até a boca. Aquelas palavras pareciam caindo da língua dele já gravadas em blocos imensos de granito, como tábuas de mandamentos. Eu não conseguia destruir a impressão que elas me causavam. Falhara minha última tentativa de salvar a dignidade humana dos efeitos avassaladores da presença de meu amigo naquela mesa de bar. Ele seguia, de sabre em punho, decapitando minhas ilusões:

— Pode ser. Somos animais, afinal. Embora animais escritores de poesia, animais construtores de canhões. E de fato não há diferença entre um soneto e um canhão: ambos estimulam os mesmos neurônios.

Meu amigo pediu a conta, deixou trinta reais sobre a mesa e se foi embora depois de uma despedida breve, durante a qual mal consegui balbuciar um boa noite. A conta veio menos de vinte reais, mas eu me senti roubado, mesmo ficando com o troco.


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