Em um mundo eternamente provisório, efêmeras letras elétricas nas telas de dispositivos eletrônicos.
05
Jan 13
publicado por José Geraldo, às 23:40link do post | comentar
Uma das afirmativas mais recorrentes nos debates políticos e culturais que ainda ocorrem dentro e fora da internet é justamente que não é possível fazer uma crítica qualificada de um autor cujo trabalho não conhecemos o suficiente. À primeira vista é uma posição inatacável, mas eu não gosto de posições inatacáveis em um debate, a menos que elas sejam fundamentadas em fatos. Inatacável é a realidade. Argumentos são apenas argumentos. Ao longo da vida tenho tido a oportunidade de verificar que argumentos inatacáveis nada mais são do que argumentos revestidos de respeitabilidade para ocultar suas fraturas lógicas.

Esta afirmação, em especial, é uma legítima «faca de dois gumes» e é muito perigoso aceitá-la como verdadeira sem um pouco de discussão. Por um lado, é verdade que é preciso embasamento para poder comentar (a favor ou contra) uma determinada proposição. Por outro lado, no entanto, é sempre muito fácil desqualificar uma crítica com o argumento de que o autor dela não leu o bastante do autor criticado. Quanto é o bastante?


Ninguém nunca terá lido toda a obra de um autor, provavelmente nem mesmo os seus fãs. Raros marxistas terão lido todo «O Capital», por exemplo, e dos que leram uma parte grande terá entendido bulhufas. Além disso, o que nos obriga a ler toda a obra de um autor que nos causa repulsa apenas para termos o direito de criticá-la? Será que uma pessoa que deteste o mago manda-chuva só pode criticá-lo depois de ter lido cada um de seus textos, até aquelas bostinhas que ele publica diariamente em alguns jornais? Penso que não. Assim como é possível analisar eficazmente as características gerais da sociedade a partir de estatísticas originárias de pesquisas por amostragem, é perfeitamente possível analisar as ideias ou a qualidade de um autor conhecendo uma parte de seus textos e algumas de suas ideias.

Exigir um conhecimento total (ou pelo menos muito abrangente) é um tipo de apelo às lacunas, e não é justo. Envolve um tipo de crença no poder da obra “revelada” do “mestre”. A resposta sempre está no livro que o crítico não leu. “Fulano de Tal não gostou do Magnífico, mas se pelo menos tivesse lido o livro beltrano poderia ter finalmente entendido as ideias extraordinárias dele.”

O que se tem aqui é a esperança de que, se o crítico por acaso ler todos os livros do autor, a convivência com o pensamento do Profeta obrará a conversão de mais um adepto. Mises certamente não leu toda a obra de Marx para escrever sua desqualificação dele, mas os marxistas são convidados a ler quase toda a obra de Mises antes de poder criticá-lo: podemos considerar justa esta exigência? Será que é necessário ler toda a obra de um autor para ter um bom ou pelo menos razoável entendimento dela? As contradições só estão visíveis para quem conhece cada jota e cada til?

Penso que se uma obra é tão complexa que só pode ser de fato compreendida pela sua leitura completa ou muito abrangente, então o autor é falho em seus objetivos. Por mais que os detalhes possam se perder nas resenhas, se a obra não sobrevive nelas, pelo menos enquanto conceito, o autor claramente falhou em alguma coisa. Resenhas não são tuítes. De fato “Guerra e Paz” é “sobre a Rússia”, mas uma resenha honesta diria bem mais que isso. E se da resenha não pudermos inferir a qualidade da obra original, a falha está na resenha. Há resenhas escritas para louvar, e outras para danar.

Comece a ler uma obra literária, se até a quinquagésima página ela não conseguiu  lhe fazer gostar, por que a obrigação de ler até a quingentésima? Por masoquismo? Existem livros que, como famosamente disse o Millôr Fernandes, “quando a gente larga não consegue mais pegar.” É justo criticar acerbamente estas obras, mesmo tendo lido só até a vigésima página; mesmo porque não seria necessário todo este esforço para fazer um elogio à mesma obra.

Fica ainda mais fácil se a obra não for literária, mas técnica. Leu alguns artigos do autor expondo suas teses e conseguiu detectar “bullshit”? Por que supor que a leitura de mais artigos mudará o efeito? Quantos dedos do gigante precisamos puxar para dirimirmos a suspeita de que é um gigante mesmo, em vez de um anão?

11
Out 11
publicado por José Geraldo, às 22:28link do post | comentar

Há anos um parágrafo escrito por Howard Phillips Lovecraft não me sai da cabeça. Já o devo ter traduzido uma dezena de vezes, para postar em duas ou três dezenas de lugares. Aqui vai a décima primeira tradução, como introito deste artigo que, mais uma vez, me alijará de alguns amigos e leitores:

A coisa mais misericordiosa no mundo, creio, é a incapacidade da mente humana para interligar todos os seus conhecimentos. Vivemos em uma plácida ilha de ignorância em meio aos mares negros do infinito, e não fomos feitos para ir muito longe. As ciências, cada qual puxando em uma direção, até agora nos causaram pouco mal, mas um dia a montagem de todo o conhecimento desconexo abrirá tais terríveis visões da realidade, e de nossa precária posição nela, que enlouqueceremos com a revelação ou fugiremos da luz fatal, para a segurança e a paz de uma nova idade das trevas.

Lovecraft escreveu no entre-guerras, uma época em que o mundo estava muito pessimista — e com plena razão: treze anos após terem sido escritas estas palavras o mundo mergulhou na pior guerra de todos os tempos, uma que, em seus efeitos de longo prazo, praticamente destruiu a civilização ocidental. Por paradoxal que isso possa parecer, a orgia de massacres e destruição da Pior de Todas as Guerras deu ao mundo um otimismo tal como nunca se vira, e a humanidade embarcou num sonho de grandeza extraordinário: sonhamos em conquistar as estrelas, colonizar sistemas solares, ser mestres de galáxias. Lênin não dizia que o capitalismo, se pudesse, anexaria os planetas? Pois bem, a utopia do século XX sonhava exatamente com isso.

Mas as palavras de Lovecraft, mesmo esquecidas de quase todos, continuavam profeticamente denunciando a vaidade de nossos sonhos. E cada nova descoberta da ciência foi pondo uma pá de cal a mais na cova da utopia. Sonhamos, sim, com as estrelas, mas elas estão distantes de nossas mãos, somos crianças brincando numa poça, sonhando agarrar as estrelas que se refletem na água. Sonhamos com uma maravilhosa máquina prateada que nos eleve e nos leve além de nossos horizontes cinzentos, tal como na canção do Hawkwind:

Acabei de passear em uma Máquina Pratada / e ainda estou me sentindo tonto. / Você gostaria de também ver-se transportado / ao outro lado do céu? / Eu tenho uma Máquina Prateada / que voa diagonalmente no tempo. / É um aparelho eletrizante / vindo exatamente de meu signo do zodíaco. / Tenho uma Máquina Prateada / Tenho uma Máquina Prateada

Que tal canção tenha feito grande sucesso nos anos setenta não é nenhum espanto: era o auge do delírio espacial do homem.

Se todos nós pudéssemos ajuntar os cacos partidos do conhecimento humano, já teríamos visto a enormidade do desafio: a extensão do cosmos vai muito além do que o intelecto medíocre pode conceber, mas no jargão dos fãs de ficção científica fala-se em anos luz como se fossem «quilômetros espaciais». De certa forma, são, mas nós somos para tal quilômetro fantástico menos do que formigas na estrada. Estrelas comparáveis ao sol existem nas nossas proximidades, a meros anos luz. Elas parecem, no entanto, minúsculas e frias porque meros anos luz transformam o Sol em uma estrela a mais. A maioria das «estrelas» que vemos no céu são super gigantes, agrupamentos de estrelas ou até galáxias distantes. Como pudemos sonhar romper estas distâncias que transformam sóis em velas? Somente com ingenuidade, e ignorância.

Mas a orgia de tal sonho teve um fim: o mundo de hoje não consegue mais reunir tantos excedentes e obter verbas em escalas suficientes para desenvolver projetos semelhantes ao que levou o homem à Lua. Com a tecnologia que temos, a repetição do feito seria quase trivial: os computadores de bordo das naves Apollo não tinham a capacidade de uma calculadora científica de hoje. Ir à Lua seria fácil, mas ainda não temos nada de útil para fazer lá. Então o projeto espacial se torna obsoleto, desnecessário. As distâncias são muito grandes, o espaço é muito frio. Nós fomos lá fora, vimos os mares negros do infinito e estamos presos na praia. São vários os fatores que nos limitam: nossas almas, nossos corpos, nossa tecnologia, nossa finitude.

As leis da física estão contra nós: basta fazer uma conta simples, como a que fez Poul Anderson, em seu romance «Tau Zero». Mesmo sem a resistência oferecida pelo ar, mesmo ainda beneficiados pela inércia, no espaço nós precisamos de quantidades imensas de energia para empurrar nossas naves meteóricas. Cada aceleração adicional exige mais energia, uma dose de energia que cresce exponencialmente a cada acréscimo aritmético da velocidade. A energia necessária para acelerar da metade a dois terços da velocidade da luz é maior do que toda a energia necessária para chegar à primeira. E uma vez tendo chegado a 90% (algo que ninguém mais crê ser possível) qualquer aceleração adicional já exigiria uma quantidade praticamente infinita de energia. Mais do que isso, devido à relatividade do espaço-tempo, uma nave tal, supondo que seja possível a um objeto físico real acelerar a tanto, estaria de tal forma afetada pela velocidade que no espaço de uns poucos anos para seus tripulantes transcorreria um tempo maior que a atual idade do universo. Nossas almas ficariam para trás, ainda que nossos frágeis corpos resistissem a tudo isso.

E falando de frágeis corpos, não cessam de acumular dados sobre os efeitos negativos da permanência no espaço. Passada a fase romântica em que era interessante usar toneladas de explosivos para atirar fora da atmosfera frágeis bolhas de metal e vidro levando corajosos (ou loucos?) indivíduos que sonhavam com a posteridade, hoje não parece haver muito sentido em expor corpos humanos às condições da órbita: os ossos se fragilizam, os músculos definham, o labirinto se atrofia, o sangue fica estranho. Não faz um ano descobriu-se que os astronautas que permanecem no espaço mais do que alguns dias retornam com a visão afetada também. Quanto resistiria o frágil corpo humano em uma viagem realmente dura, de anos ou décadas pelo espaço vazio, rumo ao nada? Chegaríamos sem ossos, sem músculos, cegos, desequilibrados. Cegos e desequilibrados talvez já estejamos.

Existem tecnologias teóricas que poderiam vencer tais obstáculos. Fala-se em hiperespaço, buracos de minhoca, gravidade artificial. Fala-se de tais coisas tal como na idade média se falava em carruagens mágicas, feitiços do tempo, pedra filosofal, panaceia universal. Tal como naquela época, falamos destas coisas sem ter a mínima ideia de como poderiam ser obtidas. Sob certo aspecto, o romance medieval de cavalaria mencionando o bálsamo cura tudo e o fogo grego é uma obra de ficção científica tão legítima quanto uma moderna, que fale sobre viagens por buracos de minhoca, em naves maravilhosas, rumo a planetas desconhecidos. A vassoura mágica de uma feiticeira em seu sabá é tão científica quanto o disco voador do alienígena (bom ou mau) que aparece do nada, para punir ou pregar. Cada idade tem seus demônios e seus deuses, e como disse Clarke, tecnologia suficientemente mais avançada não se distingue de mágica.

Sim, meus amigos. Lovecraft tinha razão. Não fomos feitos para ir muito longe. Sonhamos apenas com isso, e nossos sonhos hoje não são mais com anjos que nos levem para ouvir a música das esferas, mas com inventos fantásticos que nos levem desse mundo cada vez mais vazio. Mas não adianta sair: este é, ainda, o único mundo que nós temos.


18
Set 11
publicado por José Geraldo, às 23:21link do post | comentar

É claro que eu ocasionalmente me arrisco com um bilhete de loteria (geralmente a Mega Sena), afinal não faz mal correr o risco de subitamente ficar milionário. Mas eu nunca aposto mais do que exatamente um bilhete e não tenho hábito de apostar nada mais. Isto é porque eu não acredito em sorteios, bingos, rifas, , milagres, títulos de capitalização ou acasos felizes. Não acredito porque jamais ganhei nada em minha vida. Todas as poucas coisas que tenho eu tive que comprar com dinheiro ganho trabalhando. Nunca alguém me disse “olha, aqui tem um carro novo para você” ou “você ganhou um milhão de reais”. Por outro lado, já passei por situações que deixaram claro que esse negócio de sorteios não é comigo.

Talvez o caso mais escabroso tenha sido um daqueles bingos promovidos por clubes esportivos que andavam na moda em meados dos anos noventa. Comprei uma cartela daquelas e fui para o campo do Operário de caneta na mão, debaixo de um sol de trinta e oito graus, para ouvir alguém gritar as dezenas sorteadas. Foram duas horas suando e sem beber água porque naquela época em que não havia caixa eletrônico eu não tinha sacado dinheiro durante a semana. Por fim, chegou o prêmio final, o grande prêmio, um automóvel novo (e não era qualquer automóvel, mas um bom automóvel). Os números se sucederam numa sequencia assombrosa que quase me fez perder o fôlego. Até que finalmente me vi a um número de completar a cartela. E assim fiquei por vinte e duas rodadas até que finalmente outra pessoa completou o bilhete e ficou com o carro.

Alguns de meus amigos mais chegados já perceberam essa minha característica. Os mais supersticiosos jamais me convidam para participar de um bolão. Há os que evitam ficar perto de mim se por acaso estivermos em uma quermesse e forem sortear um bingo ou correr uma rifa (que eu quase nunca compro, mas a minha mulher adora). Todas as vezes que as palavras “Você ganhou” me foram dirigidas, foram tentativas de golpe via telefone celular. Telefonemas inesperados invariavelmente são de credores me cobrando dívidas das quais eu não me lembrava. Dia desses reclamaram que deixei de pagar quatro meses de hospedagem de um site que eu cancelei há anos. Devem ter achado uma ficha sem cancelar no fundo de alguma gaveta e resolveram fazer uns cobres nela. Como o valor era pequenino eu preferi pagar.

Quando um conhecido se aproxima dizendo “preciso falar com você em particular”, sempre é para pedir a minha contribuição (monetária) para alguma causa. Nunca algum me chamou para dizer haviam contribuído para a minha causa. Todas as vezes em que tentei buscar apoio na religião, encontrei o carnê dízimo antes de topar com alguma dádiva divina. Não sei o que Deus espera, mas seus profetas esperam que eu pague pedágio para sentar no banco e cantar o hino. Tanto assim que já cheguei a concluir que não quero mais religião. Já que a graça não é de graça, eu fico com o que dá para comprar, ainda que sem graça.

As únicas pessoas que chegaram a me dar alguma coisa foram os meus familiares, mas eles, obviamente, só me deram o que eles próprios haviam antes comprado com o seu trabalho. De forma que isso não invalida o fato de que nada existe em minha vida, hoje ou ontem, que não tenha vindo com cheiro de suor, ou com ardência nos olhos de noites viradas a ler.

Causa-me espanto, considerando quem eu sou e esses valores que carrego desde antanho, que tanta gente viva ativamente a esperar pela loteria. Não falo de pessoas que ocasionalmente arriscam um bilhete, mas de gente que chega a fazer planos para depois de ganhar, gente que visita no sábado a imobiliária para ver preços de casas pensando no sorteio de logo mas à noite. Bem, talvez não chegue a tanto, mas deve ser bastante grande o número dos obcecados com sorteios, visto que este é um dos três assuntos predominantes na Internet e ganhar coisas de graça (honestamente ou não) é a razão de ser da maior parte das mensagens de correio eletrônico.

Enquanto digo isso, analisando friamente, chego a uma conclusão curiosa: se formos usar o spam como uma ferramenta para medir o que as pessoas são e pensam, temos de concluir que os grandes e mais prementes problemas da humanidade são, além dos sorteios, disfunção erétil, pênis pequeno, viúvas indefesas de milionários nigerianos, criancinhas americanas morrendo com câncer e a eterna e insaciável carência de Jesus por mais amigos.


07
Ago 11
publicado por José Geraldo, às 20:57link do post | comentar
Eu não devia te dizer. Mas essa lua, mas esse conhaque… deixam a gente comovido como o diabo — Carlos Drummond de Andrade.

Nos encontramos em um bar imaginário, durante uma digressão sonambúlica. Tentei assaltá-lo com uma pergunta, mas ele é refratário a tais abordagens e sempre reverte a tentativa com uma proposição inesperada. Ontem, por exemplo, quando lhe perguntei quem eram as pessoas cujos nomes ele me recomendara conhecer, ele ignorou o que eu dissera e me perguntou se eu tenho escrito. Reconheço que é inútil tentar conduzir a conversa quando se trata dele, então acabei aceitando a pergunta, na esperança de que as dobras do assunto acabassem por esbarrar na resposta do que eu queria descobrir.

Então lhe disse que andava escrevendo pouco, pois preciso de muito silêncio para refletir, e silêncio é uma mercadoria rara, que bem valeria a pena pagar caro para consumir e que eu queria muito, mas muito mesmo, fazer alguma coisa que atraísse atenção, que me trouxesse leitores. Enquanto falávamos disso, e não das outras coisas que eu queria estar discutindo naquele momento, ele ergueu o dedo, como costuma fazer quando está entrando em transe filosófico, e decretou, como um profeta diante do Templo:

— Acredito que você pode fazer qualquer coisa, desde que não tenha a ilusão de que será lido. Ninguém mais lê ninguém. Não dá mais tempo. Há tanto para fazer, tantas sensações para experimentar.

— E no entanto o que nos resta fazer: ganhar centavos de atenção promovendo eventos inúteis? Ficar em casa trancados em nossas ilusões, esperando que alguém nos leia?

— Você fica?

Tive vergonha de admitir que ainda sonhava em ter leitores. Mas ele não me ridicularizou por isso, não ainda. Apenas disse:

— Não tenho mais a ilusão de que um dia serei lido. Estamos no fim de uma era, meu amigo. Sinto-me como um dos últimos romanos, talvez um que escreveu depois da queda do Império. Sinto-me como se já escrevesse em latim bárbaro, como se eu próprio já fosse filho bastardo da civilização que se foi. Que respeito terá o futuro por mim? Ninguém se lembra dos decadentes.

— Se for mesmo assim, meu amigo, pelo menos nos restará termos vivido e amado, da forma especial com que cada ser humano vive e ama.

Ele ouviu a minha frase com impaciência, quase espreitando uma interrupção para cortá-la, com a faca ensanguentada de seu pessimismo:

— Eu digo mais: não seremos amados.

— Nem mesmo pelas putas?

— Acreditar nelas é uma ilusão romântica estúpida. Putas não são românticas, são só mulheres pobres ou viciadas vagabundas que se degradam por dinheiro. Só péssimos poetas têm a mania de acreditar que possa haver uma Dama das Camélias. Exceto pela tuberculose, tudo era ilusão.

— Não quis dizer que a puta nos ame, mas ao vil metal. Quis dizer que ela nos dá amor em troca de nosso dinheiro.

— Nem isso. A puta não precisa do dinheiro, mas das coisas que ele compra. E sempre escolherá quem tenha mais, da mesma forma como o mineiro preferirá a jazida maior: para não ter de viver sempre à procura.

— Ah, mas você está insuportável hoje. Logo quando eu estava sentindo uma vaga inspiração para escrever uma poesia.

— Esse troço de “vaga inspiração para poesia” é frescura.

Tive de rir da minha própria inocência. Eu já devia saber que aquele iconoclasta não resistiria à oportunidade de reduzir a pó minhas intenções póeticas.

— Eu já escrevi poemas, você sabe. Hoje não mais. Eu tive uma revelação sobre o amor que me matou a poesia: nós não amamos ninguém, nós apenas buscamos satisfações.

— Como assim, meu amigo?

— Não amamos o ser, mas a perspectiva daquilo que o relacionamento com tal ser poderá nos dar: prazer, dor, conforto, orgulho, dinheiro. Diga-me, você gosta de amendoeiras, não?

Ele certamente conhecia minha fixação por estas árvores curiosas, sendo uma das poucas pessoas a quem eu mostrara alguns antigos textos sobre elas.

— Sim, gosto.

— É mentira. Você gosta de amêndoas, ou da sombra que a árvore lhe dá. Se a amendoeira não desse amêndoas e nem sombra, você certamente a desejaria destruir.

Naquele momento me senti firme para discordar:

— Isto não é exatamente verdade: existem várias satisfações possíveis, além da mera utilidade.

— Se é uma satisfação, então é uma utilidade. Nada que satisfaça a algo ou alguém é inútil.

— Mas mesmo que ela fosse inteiramente inútil, mesmo que eu a desejasse destruir… você não acha que o impulso de destruir é uma forma de desejo?

— Mas nesse caso você gosta é da destruição, não da árvore inútil.

Mais uma vez, derrotado. Ele perdeu a poesia, que ainda tenho, mas possui uma agudeza que constrange. E tendo sufocado minha resposta ainda no fundo da garganta, sentiu-se a cavalo para pontificar:

— Se você ama a alguém, é porque essa pessoa lhe faz algum bem. Se essa pessoa cessar de lhe fazer esse bem, você deixará de amá-la.

— Creio que há um engano aí, meu amigo. Você subestima a perversidade do ser humano. Na verdade matamos a amendoeira, apesar da amêndoa e apesar da sombra. O homem é como o escorpião da fábula.

O meu amigo ergueu as sobrancelhas ao ouvir-me dizer isto. Interrompeu sua profecia por alguns segundos, bateu na mesa, quase derrubando a cerveja, e admitiu, para minha glória momentânea:

— Você tem razão! Como não pensei nisso antes!? Isto é irracional, mas é verdade.

— Verdade seja dita, meu amigo, é justamente por ser irracional é que é tão humano. É mentira que sejamos diferentes dos animais por agirmos racionalmente, nós somos diferentes deles porque podemos suicidar-nos. Razão é apenas o nome que damos àquilo que nos diferencia do nosso cão, que não sabe dar nomes às coisas.

Meu momento de glória foi abatido em pleno voo por outro ataque de cinismo da parte de meu amigo:

— E quem sabe se o cão não dá nomes às coisas? É possível que apenas não saibamos compreender os nomes que ele dá.

Parei o copo de cerveja no ar, a meio caminho da trajetória até a boca. Aquelas palavras pareciam caindo da língua dele já gravadas em blocos imensos de granito, como tábuas de mandamentos. Eu não conseguia destruir a impressão que elas me causavam. Falhara minha última tentativa de salvar a dignidade humana dos efeitos avassaladores da presença de meu amigo naquela mesa de bar. Ele seguia, de sabre em punho, decapitando minhas ilusões:

— Pode ser. Somos animais, afinal. Embora animais escritores de poesia, animais construtores de canhões. E de fato não há diferença entre um soneto e um canhão: ambos estimulam os mesmos neurônios.

Meu amigo pediu a conta, deixou trinta reais sobre a mesa e se foi embora depois de uma despedida breve, durante a qual mal consegui balbuciar um boa noite. A conta veio menos de vinte reais, mas eu me senti roubado, mesmo ficando com o troco.


23
Mai 11
publicado por José Geraldo, às 22:01link do post | comentar

Neste exato momento, em alguma caverna do Oeste dos Estados Unidos, um idoso senhor está fazendo “facepalm” dentro de casa. O nome do homem em questão é Harold Camping, ele tem 89 anos e tem sido há décadas o presidente e o guru de um movimento cristão fundamentalista chamado “Family Radio”. Se você ainda não sabe do que estou falando, saida da sala de descontaminação, tire seu traje de viagem espacial, tome outra dose de café quente com queijo minas para botar as ideias em ordem e senta aí para conversar, que muita coisa aconteceu desde que você foi abduzido pelos alienígenas de Andrômeda.

Harold Camping se tornou, no sábado, dia 21 de maio, o responsável pela profecia mais extraordinariamente furada de todos os tempos. Evidentemente, como você deve saber, a menos que seja uma pessoa ingênua e supersticiosa do tipo que crê que a Xuxa viu mesmo duendes, que todas as profecias são furadas e só acertam na base da pura coincidência, quando não são feitas empregando o que os romanos chamavam de vaticinium ex post facto, ou seja, previsão depois do fato acontecido. Mas esta profecia do Pastor Camping teve algo especial: ela reuniu uma quantidade extraordinária de ingredientes de desastre e por isso ela não falhou como o fósforo que queima o seu dedo, mas como o botijão de gás que explode no porão e derruba o seu prédio.

Foi uma vergonha universal, pública, inquestionável. Foi como entrar peidando dentro de casa e descobrir que no escuro havia uma festa de aniversário surpresa organizada pela sua amada e pela turma inteira da faculdade. Ao contrário de todas as profecias falhadas ao longo de toda a história da humanidade, esta teve testemunhas demais para que o responsável possa fazer cara de paisagem e fingir que não é com ele, teve provas materiais demais para que ele possa esperar tudo passar, teve detalhes demais para que ele possa inventar alegações para esconder o próprio fracasso.

Camping previu a data com o que chamou de previsão matemática. E forneceu as bases dos cálculos. Autores como Bob Thiel explicaram muito bem porque o Pastor Camping estava terrivelmente enganado, partindo da própria Bíblia. Ainda que eu concorde que Camping estava errado, não é preciso nem abrir a Bíblia para saber disso, afinal eu estou aqui ainda, ou não estou?

O problema da profecia do dia 21 de maio não foi apenas ela estar magnificamente errada, mas sim o fato de ela ter sido tremendamente divulgada. Nos Estados Unidos e em outros lugares foram gastos milhões e milhões de dólares fazendo cartazes e publicando anúncios sobre o dia do Juízo. Isto significa que dezenas, ou centenas, de milhões de pessoas ficaram sabendo da profecia e do dia e hora exatos. Estes milhões estão agora morrendo de vontade de rir, alguns talvez não estejam rindo por pena dos que acreditaram e largaram tudo (inclusive "carreira, dinheiro e canudo"). Até o Richard Dawkins, que não é nenhum exemplo de amor cristão, visto que é ateu, procurou exortar seu rebanho de gatos* a ter um pouco de respeito pelas pessoas inocentes que foram enganadas pela profecia.

Pensando bem, não faz nenhum sentido divulgar uma profecia de fim de mundo, pelo menos não uma que vai acontecer tão cedo. Se o mundo realmente acabar, não haverá ninguém a quem você possa se gabar de ter feito a previsão corretamente. E se o mundo não acabar, evidentemente, você terá centenas de milhões de pessoas rindo na sua cara. Precisamente isso é o que está acontecendo agora, e é a razão pela qual o Pastor Camping não vai nem à janela ver se o sol nasceu. Tem medo de que o sol tenha se tornado como aquele desenho sorridente dos desenhos infantis e esteja, também ele, o astro-rei, rindo da falha clamorosa do profeta.

* Richard Dawkins famosamente disse que tentar liderar ateus é como tentar pastorear gatos, ou algo assim, aludindo ao fato de que os felis cattus caracterizam-se justamente por não serem gregários.

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21
Abr 11
publicado por José Geraldo, às 00:45link do post | comentar

Há neste blog uma postagem datada de 19/04/2011. Não haveria nada de extraordinário nisso se neste horário eu não estivesse internado no Hospital de Catagauses para realizar em caráter de emergência um procedimento de extração de cálculo renal por ureterotripsia. Portanto, aquela postagem não foi feita por mim naquele momento. A história dela é curiosa.

Hoje, ao chegar do Hospital, sentei diante do computador para me distrair das dores (sinceramente eu não desejo o que me aconteceu nem ao meu inimigo mais ferrenho) eu li esta postagem no Bule Voador, postada sob o título Advocati Fidei (acho que o latim certo seria advocatvs fidei, mas isso não é importante). A coincidência me chamou a atenção porque justamente minha mãe andou me “admoestando” por meu ateísmo, entre outras coisas dizendo que estas coisas ruins me estão acontecendo porque eu não creio no bondoso deus cristão (este ser de infinita bondade que coloca dolorosos cálculos renais nas pessoas que não creem nele, pois “se não for pelo amor, haverá de ser pela dor”). E justamente ao voltar dolorido do Hospital eu dou com a coincidência da postagem da tradução de uma música pró-religião em um site cético-ateu. Se eu fosse supersticioso, veria nessa coincidência um “sinal” e me arrependeria de minha impiedade (portanto, caras do “Bule Voador”, parem com essas postagens aí porque está parecendo que vocês estão anunciando as ofertas da concorrência).

Achei a música bonita (a beleza da arte sempre está acima e além de ideologias, em minha opinião) e me diverti fazendo uma outra versão (a que está no site, embora semanticamente correta, não está suficientemente “poética” ao meu gosto). Como eu já tinha uma postagem feita no dia 20/04/2011, optei por preencher a data do dia anterior com uma postagem que seria adequada ao “estado de espírito” de alguém que estivesse por internar-se para uma complicada operação. Não venham pensar, por causa disso, que eu estou “traindo o movimento ateu” (Dado Dollabela copyrights), apenas que tenho suficiente largueza de “espírito” para apreciar a arte que não joga no meu time, tal como tenho para conviver com pessoas que optam por estilos de vida diferentes dos meus. Não creio, porém, que um site evangélico topasse divulgar versões de qualquer das canções a seguir (mas o desafio fica feito):


“Orgasmatron”, Motörhead (1983)

“Free Will”, Rush (1979)

“Time”, Pink Floyd (1973)

Um pós-escrito interessante. Este texto também não foi escrito em 21/04/2011. Como eu já tinha postado alguma coisa ontem, resolvi usar o recurso de agendamento de postagens para mover este texto para o dia seguinte (“hoje”). Com isso ainda ganho tempo para postar algo mais legal dia 22 (“amanhã”).


07
Abr 11
publicado por José Geraldo, às 23:06link do post | comentar | ver comentários (1)

Quando ocorre uma tragédia de grandes dimensões humanas, algo infelizmente frequente, há muitos que se apressam em dizer que “este mundo está é perdido” e que nós vivemos o suposto “final dos tempos”. Quem estuda a História da humanidade a fundo sabe muito bem que jamais deixou de haver este conceito tão popular, de que o mundo “está acabando”, mas apesar de tudo o mundo segue aí, firme e forte em sua marcha rumo ao caos. Podem me acusar de insensível, mas a verdade é que quando fazemos uma análise detida da realidade, o que vemos é que o caos não é um acidente, o caos é uma característica. O mundo vai continuar, monstruoso e caótico como sempre foi.

Em um de seus discursos contra o conspirador Catilina o romano Cícero, contemporâneo ou quase do lendário Jesus Cristo, lamentou a decadência dos costumes de sua época: “Que tempos, que costumes!” — ou, como se dizia em latim: “o tempora, o mores”. Invectivas semelhantes podem ser encotradas por toda parte nas literaturas antigas: Egito, Índia, Mesopotâmia, Grécia. Não foram os gregos que imaginaram que viviam uma insossa “Idade do Ferro”, estágio final de degradação da humanidade, que já havia passado por uma Idade do Ouro, uma Idade da Prata e uma Idade do Bronze?

Mas apesar de toda a lamentação dos que contemplam as mudanças, “o novo sempre vem”, como profetizou Belchior, antes de desaparecer.

Talvez a coisa mais difícil a enfrentar nesse mundo não seja a existência propriamente dita de injustiças e violências, mas o fato de que o mundo continua depois. Como sentenciou Millôr Fernandes, em sua peça “A História é uma História”: “O crime foi espantoso, mas o morto nem liga.”

Apesar de tudo que vivemos, apesar de tudo que nos fizerm (de bom ou de mau), se amanhã estivermos mortos ou esquecidos a marcha amoral do mundo vai continuar. Com ou sem as ararinhas azuis extintas, o mundo vai continuar. A roda inexorável da História vai seguir adiante e o “fim dos tempos” é apenas um desejo que o injustiçado tem de que o seu sofrimento seja o derradeiro sofrimento, de que sua morte seja mais significativa do que todas as demais que aconteceram antes. É apenas uma forma de se sentir especial: achamos que o mundo está acabando porque achamos que sofremos mais do que sofreram nossos pais, pois antigamente “era melhor”.

Quando nascer o amanhã, haverá outras mortes, outros crimes, mais caos. O mundo continuará com as garras vermelhas de sangue, de culpados e inocentes, indistintamente. A poesia não morreu em Auschwitz, ao contrário do que disse um poeta soviético cujo nome não vou pesquisar agora na Wikipedia. Aliás, hipócrita este poeta que não via o caos doméstico, mas tinha a permissão de dramatizar as valas e os fornos alemães.

Somos assim ainda. Somos ainda cegos demais para entender que somos insignificantes, que nossa morte, nosso sofrimento, nada disso representa uma ameaça à continuidade do mundo. Muito pelo contrário: é nosso sonho louco de que possuímos alguma capacidade de afetar a continuidade do mundo que está colocando em risco a nossa própria continuidade enquanto espécie.

Não é o fim dos tempos, é apenas “o de sempre”. Violência é o mel do homem. Com ela estupramos a natureza e criamos para nós um espaço muito maior do que as nossas savanas originais. Nesse momento em que o caos nos aflige de tantos lados simultâneos, com seu ruído e sua cara feia, somos apenas codornas apertadas numa gaiola. O caos é apenas uma estratégia evolutiva: nós nos destruímos para abrir espaço porque estamos sufocados demais pela presença do outro.


18
Mar 11
publicado por José Geraldo, às 21:26link do post | comentar

Estou me revelando um verdadeiro vidente. Preciso urgentemente de um programa de televisão onde botar tarô e ganhar dinheiro dos trou…, digo, dos aficcionados por ocultismo fazendo minhas predições. Hoje é dezoito de março e eu já emplaquei vários notáveis acertos em minhas previsões de Ano Novo, embora tenha tido um lamentável problema de canalização das energias astrais que fez com que eu interpretasse ao contrário duas previsões.

Vamos a uma análise parcial!

Acertos

Silvio Berlusconi fará declarações polêmicas, que irritarão os líderes de outros países.
Essa era “batata” desde o começo. As recentes declarações do primeiro ministro italiano, segundo a qual teria transado com 33 prostitutas em um único mês causaram celeuma na Europa. Dizem que a moda do cinto de castidade será relançada na próxima Semana da Moda de Milão.
Os baianos afirmarão ter inventado um “novo ritmo” que, no entanto, será igual ao pagode e só terá um passinho diferente na dança.
É o rebolation, tion, tion!
Haverá golpes de estado na África.
Taí para quem duvidava de minha mediunidade. Não houve um só, houve TRÊS! Tunísia, Egito e Costa do Marfim. E o da Líbia segue a caminho. Com alguma sorte haverá um também em outro lugar.
O resultado do Carnaval carioca será muito polêmico.
Um incêndio no barracão da ex-campeã, que se suspeita tenha sido criminoso, e uma campeã vaiada no desfile das campeãs. Bota polêmica nisso e podem me convidar para aparecer na televisão que eu prevejo mais que a Mãe Diná!
“Lula, O Filho do Brasil” não vencerá o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Considerando a atual onda de chamego entre Brasil e EUA (a Secretária de Estado americana chegou a dizer numa entrevista coletiva que o nosso Chanceler é “um homem lindo”) eu fiquei até com medo de que fosse falhar, mas os astros não me abandonaram. Eles tinham razão.

Imprecisões

O Flamengo anunciará planos de contratar pelo menos uma grande estrela do futebol internacional, mas não vai contratar ninguém.
Os astros só me mostraram a história até o momento em que o Grêmio preparava a festa para Ronaldinho. Depois desse momento a bola de cristal saiu do ar e eu precipitadamente achei que não precisava voltar a sintonizar de novo. Inexperiência de vidente de primeira viagem.
O papa dará uma declaração sobre planejamento familiar.
Que o papa daria uma declaração envolvendo as famílias e que isso seria polêmico os astros me contaram, só que eu interpretei errado: não era sobre planejamento familiar, mas sobre doações de órgãos. O chanceler do Vaticano declarou que o papa Benedito XVI não poderá doar os seus órgãos se morrer (não que alguém esteja interessado em seu decrépito coração) porque (ehem!) “caso ele seja declarado santo postumamente os tecidos doados se tornarão relíquias vivas nos corpos dos receptores”.

Pequenas Observações Desinteressantes

Caso não tenha notado os links no post, seguem as explicações.

1. Muito embora a gramática oficial insista que “hoje são” dezoito de março, eu insisto que “hoje é“ pelo simples fato de que eu considero implícito no contexto que hoje é [o dia] dezoito de março.

2. Como se sabe, o nome latino do papa é “Benedictus”, em italiano “Benedetto” e em inglês é “Benedict”. Ainda que em português o nome “Benedictus” tenha resultado em dois nomes diversos (“Benedito”, pela via erudita, e “Bento”, pela via popular) é meio estranha a escolha deste nome, porque demais papas que o escolheram eram chamados de Beneditos, e não de Bentos. Suspeito que houve uma certa dose de preconceito, envolvendo São Benedito. Mesmo porque, se a preferência fosse pelo nome popular, o papa São Sisto deveria ser chamado de São Xisto.


17
Fev 11
publicado por José Geraldo, às 16:06link do post | comentar
Em resposta a alguém que disse: «Se é mensagem positiva, me interessa.»

Não há uma saída fácil,
tua fé não vencerá os muros e
a ingenuidade não lhe servirá de escudo
quando vierem as botas e os rifles
quando caírem as mãos sobre ti.

Não há uma resposta fácil,
tua força não dobrará as regras e
os teus sorrisos não lhe comprarão simpatia
quando os dedos apontarem para ti.

Lá fora não jaz o cadáver de Deus:
mataram-no com um tiro no escuro,
mas ele não caiu, nem se ouviu nenhum grito.
O tiro apenas ecoou na noite muito longa
e os campos não amanheceram diferentes.
assuntos: , ,

29
Jan 11
publicado por José Geraldo, às 18:27link do post | comentar

Tenho muitos amigos que me mandaram correntes que prometiam fortuna e dinheiro em 2010. Em quase todos os casos eu segui fielmente o que foi pedido: mandar mensagem de texto, repassar email, guardar sementes das mais diversas frutas, dar sete pulinhos, tudo isso.

Infelizmente nada disso funcionou e eu não ganhei muito dinheiro, além do normal que recebo todo dia de pagamento. Confesso que acertei uma quadra da mega-sena em um bolão, recebendo R$ 19,75 — mas isso não muda o fato de que.

NÃO FUNCIONOU.

Porém, considerando a quantidade de amigos que se preocupam comigo e gostariam de me ver ganhando dinheiro — a julgar pela quantidade de correntes, faço-lhes uma proposta alternativa.

Para 2011, mandem o dinheiro diretamente! É menos trabalhoso do que ficar repassando emails ou SMS, não envolve o ridículo de sair dando pulinhos e nem ficar guardando sementinhas na carteira.

Antecipadamente agradeço e comunico o número da conta para fazer o depósito. Banco XXX. Agência XXXX-X Conta XXXXXX-X.

Muita paz e felicidade para vocẽ neste ano.


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