Em um mundo eternamente provisório, efêmeras letras elétricas nas telas de dispositivos eletrônicos.
16
Jan 11
publicado por José Geraldo, às 18:00link do post | comentar | ver comentários (2)

Uso Linux desde 2000. Uso Linux exclusivamente desde 2001. Durante todo este tempo convivi pacificamente com a ideia de que usava em meu computador pessoal um sistema que era também usado por menos de 1% da humanidade. Nunca tive grandes problemas com isso.

Mas recentemente eu tive uma importante reviravolta em minha percepção do assunto. Ocorreu quando eu configurei o Google Analytics neste meu blog. Os dados coletados pelo Google revelaram algo surpreendente: 40% de meus visitantes usavam Linux!

Claro que eu fiquei cético quanto a isso. Não podia ser verdade. Não pode haver tanta gente assim no Brasil usando Linux. Todas as pessoas que eu conheço usam Windows. Alguma coisa tinha de estar errada.

Fui deixando que o tempo passasse e as estatísticas se acumulassem. Entre agosto de 2010 e dezembro a percentagem de usuários de Linux foi decaindo. Chegou a 29%, mas voltou a subir! Globalmente, entre 19/08/2010 e hoje, 16/01/2011, 34% de meus visitantes usam Linux. Verifique os números abaixo

1.Windows1,23860.13%

Gráfico gerado pelo Google Analytics, mostrando a distribuição dos visitantes deste blog segundo os sistemas operacionais declarados pelos seus navegadores.

2.Linux70734.34%
3.Macintosh1024.95%
4.indisponível70.34%
5.Android20.10%
6.FreeBSD10.05%
7.iPhone10.05%
8.iPod10.05%

Estes dados me fazem ter muitas dúvidas. Será que os meus visitantes são diferentes dos usuários típicos de internet? Será possível que 34% dos meus visitantes realmente usam Linux?

Veremos o que será respondido nos comentários…


14
Ago 10
publicado por José Geraldo, às 15:14link do post | comentar

A história da Internet pode ser descrita em três fases: a fase do texto puro, a fase das “fontes básicas” e uma nova fase que está para começar.

Na fase do texto puro, que vem dos primórdios até o surgimento da linguagem HTML (“linguagem de marcação de hipertexto”) não existiam propriamente “páginas” a se visitar, mas arquivos de texto para você baixar. Esse tipo de Internet, a era dos BBS e do CompuServe, entre outras coisas, ficou tão para trás que hoje mesmo quem a viveu tem dificuldade para explicar como era. Era uma fase em que se usava navegar em FTP ou Gopher (um protocolo moribundo e outro recentemente abandonado) e a interatividade era mínima: o bacana era encontrar um arquivo de texto, especialmente um que contivesse informações “proibidas”. A internet era a pirataria da informação!

Um exemplo desta fase, que ainda pode ser achado por aí nos últimos sites FTP importantes, é o famoso “methods file”, surgido em um fórum de discussão dos antigos BBS chamado alt.suicide.holiday. Neste fórum se discutia basicamente sobre suicídio, e o arquivo em questão é uma peça surrealista que explica onde, como e quando se suicidar. Os diferentes métodos são analisados segundo sua eficácia, a dor envolvida e a disponibilidade. Alguns métodos são claramente humorísticos, outros são reais. Os ingredientes e suas doses são reais: você realmente pode se matar seguindo as instruções, mas ao ler as descrições dos resultados e a análise das consequências em caso de falha você dificilmente vai querer tentar.

A segunda fase da Internet começou quando Tim Berns-Lee e outros inventaram o HTML, o que permitiu o surgimento das páginas e dos sítios (conjuntos de páginas). Nesta época surgiu a possibilidade de formatação do texto (cores, alinhamentos, tamanhos de fontes, efeitos especiais, imagens, tabelas, tudo que você quisesse imaginar). Infelizmente, a formatação ainda dependia da disponibilidade de fontes no computador do usuário que estivessem de acordo com as fontes pretendidas pelo autor da página. Como isso raramente acontecia, ninguém se preocupava em especificar as fontes, isso era problema do navegador, ou das preferências do usuário.

Mas então a Microsoft doou para uso geral as famosas “fontes básicas da Internet”, que se tornaram rapidamente muito populares. Com isso os desenvolvedores de aplicações na rede passaram a especificar fontes para seus sites. Já não era preciso deixar a escolha para o navegador que o usuário estivesse empregando: era possível dizer, por exemplo, que determinado texto seria em determinada fonte, esperando razoavelmente que esta fonte estivesse disponível no computador do usuário. Um pouco mais tarde, com a popularização das folhas de estilo (“Cascading Style Sheets”), foi possível assegurar que em mais de 99% dos casos um sítio se pareceria como o autor pretendia: bastava usar os conjuntos de fontes semelhantes (“font stacks”). Entre esses, os mais populares sempre foram “Helvetica, Geneva, Arial, sans-serif” ou “'Times Roman', 'Times New Roman', Times, serif”. Recentemente fontes menos convencionais começaram a ser usadas, como Georgia, Lucida Grande, etc. A fonte Verdana, devido à sua grande popularidade se tornou a preferida de nove em dez sítios. É a fonte padrão do Orkut, por exemplo.

Mas havia um problema: as fontes disponíveis eram poucas. Na verdade, o programa de fontes para a Internet da Microsoft só incluía onze — Andale Mono, Arial, Arial Black, Comic Sans MS, Courier New, Georgia, Impact, Times New Roman, Trebuchet, Verdana e Webdings (Webdings) — das quais somente seis (Arial, Courier New, Georgia, Times New Roman, Trebuchet e Verdana) eram famílias completas. Além destas, o sistema operacional Windows ainda incluía uma série de fontes que não estavam disponíveis para baixar do sítio da Microsoft: Book Antiqua, Bookman Old Style, Haettenschweiler e Tahoma. Estas também logo se tornaram populares, especialmente a última.</fonf>

Combinando as fontes mais encontradas do Windows com outras fontes semelhantes, comuns em outros sistemas operacionais (como as fontes URW, comuns no Linux) era possível ter boa dose de previsibilidade na aparência final. Mas isso ainda era muito pouco, porque as fontes mais comumente disponíveis eram conservadoras demais. Com pouco tempo todo mundo já estava enjoado de ver tudo escrito em Verdana.

Estar enjoado causava estranhos sintomas em algumas pessoas. Por exemplo, há quem use extensivamente a fonte Verdana, tamanho 14 ou que use Comic Sans até para convites de formatura ou anúncios de funerárias.

Agora estamos começando a terceira fase da Web: já é possível especificar exatamente qual fonte o usuário verá na tela. Este meu humilde blog é um exemplo da aplicação desta nova tecnologia. Se você me está visitando usando Opera ou Firefox (ou algum outro navegador que entenda os padrões W3C), você está vendo este texto formatado na fonte “Neuton”, de Brian Zick.

Não tenho ainda muita condição de falar sobre o impacto que isso vai ter, mas suponho que no futuro a Web se tornará um lugar muito mais interessante de se visitar.

Aguardemos.

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07
Dez 09
publicado por José Geraldo, às 21:36link do post | comentar

Quando você analisa um documento preparado através do LaTeX em comparação com outro preparado em um editor de textos tradicional, salta à vista o quanto o primeiro é mais polido do que o segundo — especialmente se as fontes padrão do TeX não forem usadas (pois elas têm problemas de legibilidade devido, pasmem, à alta resolução das modernas telas e impressoras. A maior parte das razões para essa discrepância é por demais sutil para que um observador casual as perceba, mas o efeito geral é perceptível até para um leigo.

As razões da diferença podem ser resumidas em seis, das quais as cinco primeiras são universais no mundo TeX e a última é específica de certos documentos mais recentes, e mais avançados:

  1. Ligaturas
  2. Ajustes de transição entre caracteres (kerning)
  3. Algoritmo de cálculo dinâmico da espessura dos caracteres (hinting)
  4. Algoritmo de hifenização por parágrafo
  5. Ajuste vertical de espaçamento
  6. Microtipografia

Ligaturas

Ligaturas são símbolos que substituem seqüências de caracteres. Há três categorias básicas de ligaturas: as que são usadas para aumentar a legibilidade, as que são usadas segundo a tradição tipográfica e as que são usadas por razões meramente estéticas.

Um exemplo de ligatura útil para aumentar a legibilidade é a ligatura “fi”. Na maioria das fontes o arremate do “f” colide com o pingo do “i”, um detalhe quase imperceptível, mas que distrai o olho durante a leitura de um texto mais extenso.

As ligaturas históricas são as que foram abolidas após a invenção da tipografia moderna (a partir do século XIX). Algumas são até bonitas, mas a maioria prejudicaria a leitura porque não estamos acostumados a ver dois “oo” entrelaçados, ou um “s” que se conecta com o “t” seguinte, coisas assim.

As ligaturas estéticas não tem raiz história, mas podem ser inventadas livremente pelo tipógrafo. Entre elas, recentemente, surgiu o interrobang, uma junção de um ponto de exclamação com um ponto de interrogação.

O LaTeX tem a capacidade de inserir automaticamente as ligaturas essenciais, além de ter mecanismos para acessar as outras. Uma outra vantagem de usar ligaturas é economia de espaço. Dependendo da fonte, algumas ligaturas podem economizar, em uma página, o espaço equivalente a quase um quarto de uma linha.

Kerning

Esse é um ajuste, feito manualmente, do posicionamento dos caracteres em relação aos demais. O objetivo do kerning é diminuir os espaços em branco e tornar o texto mais fluido durante a leitura. Um software que não seja capaz de usar esse ajuste vai produzir espaços entre letras em seqüências como “AVA, To, LT, ij” etc. — o que é muito tosco.

Hinting

Trata-se de um algoritmo que calcula a espessura de uma fonte de acordo com o tamanho, de forma que os tamanhos menores fiquem mais finos e os maiores mais grossos. No caso do LaTeX isso não é tão importante, visto que as fontes padrão possuem versões diferentes para os diferentes tamanhos, mas se você está usando fontes não-padrão (e você certamente quererá fazer isso) então perceberá que os documentos feitos com o LaTeX têm fontes mais pesadas e legíveis.

Hifenização

Normalmente a hifenização está desativada nos processadores de textos e, quando ativada, ela é calculada linha a linha. O LaTeX possui um poderoso algoritmo de hifenização que considera parágrafos inteiros, resultando em um texto muito mais compactado.

Ajuste Vertical

A menos que você tenha usado a opção raggedbottom, o LaTeX cuidará de preencher inteiramente a página até a última linha, evitando que a margem inferior varie de largura (tente fazer isso em qualquer processador de texto!). Em vez de deixar espaço em branco no fim da página, ele acrescenta imperceptíveis espaços adicionais entre os parágrafos (mas se a sua página tiver poucos parágrafos tais espaços serão perceptíveis).

O ajuste vertical é um tanto problemático se você usa a opção de controle automático de linhas órfãs e viúvas, porque nesses casos a quantidade de espaço adicionado será maior. De qualquer forma, esse problema teria mesmo que ser contornado manualmente através de ajustes de espaçamento.

Microtipografia

Disponível apenas com o compilador pdfTeX, a opção microtype adiciona a capacidade de ajuste fino do espaçamento entre os caracteres, possibilitando a compressão ou expansão de um parágrafo, além de oferecer protusão de caracteres no início da linha ou extrusão de caracteres no final de linha.

Protusão quer dizer puxar para a esquerda, para fora da margem, uma parte de algum caracteres que tenha desequilíbrio para a esquerda, como por exemplo o “W”. A primeira base da letra fica sobre a margem e o braço esquerdo fica fora. Com isso, a linha escura da margem fica mais regular.

Extrusão quer dizer empurrar mais para a dirieta, para fora da margem, um caractere ou parte de caractere que não ocupa plenamente seu espaço. Por exemplo, uma vírgula ou a haste de um “f”. Ficando fora da margem, esses detalhes não interferem na linha escura, permitindo uma “mancha” de página mais regular.

Concluindo

Utilizando o LaTeX para produzir seus documentos imprimíveis você tem como conseguir uma qualidade de lay-out muito superior ao que obteria com outro software. Quer um exemplo claro? O texto deste post formatado pelo OpenOffice e pelo pdfLaTeX, em ambos os casos usando a fonte URW Arial, tamanho 10.


07
Set 09
publicado por José Geraldo, às 23:25link do post | comentar

Hoje tomei conhecimento da existência de um processador de textos sui generis, que me fez rir durante vários minutos. Chama-se “Word Grinder” e deve ser, se não me engano, o primeiro (e talvez único) software de sua classe que funciona em modo-texto, ou seja, no console do Linux.

Decerto lhe virá à mente uma série de editores de texto de linha de comando, como pico, vim, jed, joe, emacs etc. mas esses, todos, são editores de texto plano, enquanto o Word Grinder é um editor de texto formatado. Nos editores de texto plano, se você quiser alguma coisa de formatação, precisará incluir algum tipo de markup, como LaTeX, HTML ou RTF (há malucos que fazem isso). No Word Grinder, porém, você define negrito, itálico, sublinhado, estilos de título, parágrafos citados, etc. Na medida do possível, o terminal lhe apresentará esta formatação através de códigos de cores ou mudanças sutis de peso da fonte. Ao mesmo tempo, o Word Grinder ajustará seus parágrafos e saltará espaço entre eles. Enfim, a experiência parece-se bastante com o tipo de coisa que você consegue fazer em um processador de textos primitivo.

Como existem muito poucos usuários deste programa, exportar para outros formatos de arquivo é algo essencial — e o Word Grinder faz isso! Além de seu formato nativo, o programa exporta HTML, LaTeX e troff (o formato das páginas de manual do Linux).

Eu ainda estou começando a brincar com o conceito, mas mesmo estando em uma versão bastante inicial (0.3.1), o Word Grinder já se apresenta como uma solução quase tão boa quanto o PyRoom, que tem mais dependências, consome mais memória e não exporta para outros formatoa (além de só trabalhar com texto puro). Se você é do tipo que gosta de experimentar coisas diferentes, experimente o Word Grinder e descubra que não é mais necessário ter uma interface gráfica rodando para poder escrever documentos formatados.


08
Mar 09
publicado por José Geraldo, às 22:52link do post | comentar

Em primeiro lugar, comprometa-se com a qualidade. A maior parte dos leitores, especialmente aqueles que você quer que leiam seu trabalho (ou seja, editores, patrocinadores, possíveis compradores, etc.), são pessoas de razoável cultura que costumam ler muita coisa. Estas pessoas não têm nenhuma paciência: elas vêem dezenas de blogs por dia e quando encontram erros toscos, simplesmente fazem "tsc, tsc" e vão para outro endereço.

Qualidade quer dizer, em primeiro lugar, qualidade da linguagem. Não se permita errar. A maioria dos novos escritores parece que nem sabe que se digitar F7 no Word terá acesso a uma ferramenta básica de correção ortográfica. Erros ortográficos toscos são simplesmente imperdoáveis.

A qualidade do texto em si é também importante. A maioria dos novos escritores têm o péssimo hábito de achar que são gênios e que a primeira versão de qualquer bobagem que escrevam já está boa. Um texto de qualidade precisa passar por várias, e impiedosas revisões. Se você se ofende quando apontam erros no que faz, o seu problema é psicológico — talvez até psiquiátrico. Erros apontados significam que alguém foi legal o bastante para lhe mostrar como acha que você pode melhorar.

Se você já consegue fazer um bom texto, então é hora de pensar em apresentação. A maior parte dos sites que vejo na web são simplesmente mal-feitos. Fontes pequenas, cores inadequadas, layouts complicados, aparência que nem chega a ser amadora (porque amadores fazem bem-feito).

A função da apresentação é facilitar o acesso ao conteúdo. Isso quer dizer que tudo aquilo que não ajuda deve, pelo menos, evitar de atrapalhar. Um erro muito comum, especialmente em autores de terror, é colocar texto em branco sobre fundo preto. Isto força a vista do infeliz que tenta ler, fazendo com que ele acabe desistindo.

Outro erro grave é fixar o tamanho da fonte, impedindo que um leitor com dificuldade de leitura aumente o tamanho para poder ler. Infelizmente esse erro é ainda comum em pessoas que usam o Dreamweaver para construir seus sites.

Usar fontes do tipo com serifa (Times New Roman) para textos que serão lidos na tela é tabmém um fator que dificulta: prefira fontes comuns, quadradas, sem adornos (Arial, Helvetica, Verdana, Vera Sans, Liberation Sans, Gill Sans, etc.)

Evite o uso de cores complementares ou muito fortes. Use um fundo de cor neutra (azul-claro, amarelo-claro, rosa-claro, verde-claro, cinza-claro) com uma fonte de cor preta para o texto (alguma cor escura como vinho, azul-marinho ou marrom é aceitável para pequenos títulos).

Por fim, se você não tem como ter seu próprio serviço de hospedagem e desenvolver seu próprio layout de site, então use um serviço gratuito de qualidade (como o wordpress, o livejournal ou o blogger) que lhe garantirá boa apresentação de conteúdo e boa organização.

Tendo chegado a esse ponto, é hora de você começar uma estratégia de divulgação. A primeira coisa a ter em mente é que ninguém está interessado em você: antes de esperar que as pessoas visitem seu site e comprem seu livro você tem que fazer com que elas se interessem.

Isso não é exatamente impossivel, mas a maioria das pessoas acha que entrar numa comunidade como esta e postar um tópico "ei, veja meu blogue" já é suficiente. Não é. Ninguém vai lá ver o seu blog se não achar que vale a pena. O certo é você chegar nas comunidades (há várias, além do Orkut inclusive) e cumprir um ritual semelhante ao que teria em uma nova turma de faculdade ou entre os novos vizinhos quando se muda:

Chegue, se apresente, converse com as pessoas, comente o que fazem, mostre o que faz, comente o que fazem, convide para visitarem sua "casa", visite as "casas" delas, etc. Enfim, faça amizades virtuais. Prestigie os outros para que eles te prestigiem. Lembre-se que por mais comunidades que você possa encher com mensagens de divulgação de seu blog, nada será melhor do que ver pessoas que passaram a gostar de você divulgarem o seu trabalho espontaneamente.

Não espere que pessoas de nível igual ou superior ao seu se encantem por você, elas, em geral, pelo menos no início, serão críticas. Quem vai te elogiar será principalmente pessoas a quem você se mostrar superior pela qualidade de seu trabalho. Além disso, o novo sempre causa estranheza: você geralmente será elogiado somente depois que as pessoas se acostumarem com você. Mesmo assim, confie mais nas primeiras críticas do que nos últimos elogios. Amigos elogiam. Outra questão está no estilo "sujo" da cultura undergound. Na minha opinião, há cerca de vinte anos ou mais, estabeleceu-se como mainstream, ou seja, como o "normal" em termos de literatura, o recurso a termos chulos, o relato de coisas feias, vícios, crimes, etc. Hoje em dia todo mundo faz isso. Esta é a estética de nosso tempo.

Portanto, cultivar uma estética "underground" baseada nisso é como fazer uma versão revolucionária da Banda "Calypson".... ou seja, pode até funcionar, mas não é o que diz ser. Na minha opinião o underground como era entendido até os anos 80 virou mainstream. O que era rebelde virou establishment. O que era alternativo virou impositivo.

Os sinais estão trocados. O sistema hoje é rebelde.

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16
Jan 09
publicado por José Geraldo, às 17:42link do post | comentar

Para a maioria das pessoas o LATEX parecerá um modo muito estranho de se trabalhar com documentos de texto. Afinal, texto é uma informação essencialmente visual e o LATEX trabalha com ela de forma não-visual e não-interativa. Pode parecer um contra-senso, mas na verdade é apenas uma forma conceitualmente diferente de se abordar o mesmo problema.

Processamento de Texto

Quando os primeiros computadores foram criados não havia nenhuma idéia de que eles algum dia fossem usados para produzir conteúdo, para compor livros, para trocar informações em texto. A idéia do computador era a de uma super máquina de calcular, que, aliás, é o que significa a palavra. Por esta razão os computadores não foram dotados, inicialmente, de toda a capacidade de geração e formatação de textos que estava disponível nos linotipos, as antigas máquinas de composição tipográfica.

Originalmente os computadores só incluíam 96 caracteres, que correspondiam às 52 letras (maiúsculas e minúsculas) os 10 algarismos e alguns sinais de pontuação e operadores matemáticos essenciais. Muitas simplificações foram feitas para economia de espaço. Por exemplo, as “aspas iniciais e finais” com formato diferente foram consolidadas em um único símbolo, as "aspas duplas". Os três tipos de símbolos de barras (hífen, sinal de menos e travessão) foram consolidados em um só. As ligaturas (letras especiais destinadas a facilitar a leitura) foram deixadas de fora. Nada disto era um problema muito sério quando o texto produzido pelo computador era em fonte monoespaçada e não se caracterizava pela complexidade. Demorou muito tempo até que alguém tivesse a idéia de armazenar no computador obras literárias.

Quando estas máquinas começaram a ser introduzidas no mercado editorial aconteceu uma queda sensível na qualidade gráfica de jornais, revistas e livros. As limitações do computador foram repassadas ao meio impresso porque as pessoas já haviam se acostumado a não mais usar coisas como aspas diferentes, ligaturas, travessões, etc. Demorou muito tempo até que o problema começasse a ser enfrentado.

O TEX, criado por Donald M. Knuth entre 1976 e 1983 foi uma dessas pioneiras tentativas. Outras surgiram depois. Todo programa de computador que se propõe a transferir texto armazenado em meio eletrônico para ser impresso é um processador de textos. Basicamente há três categorias de processadores de texto: os formatadores de texto, os formatadores baseados em linguagens de marcação e os interativos.

Um formatador de texto é um programa que utiliza um arquivo de texto qualquer e o transforma em um conteúdo imprimível, normalmente se limitando a formatar parágrafos e introduzir títulos segundo convenções básicas, que existem desde os primórdios da informática. Uma destas convenções é a de *texto entre asteriscos* quer dizer negrito e /texto entre barras/ quer dizer itálico.

Um formatador de textos baseado em linguagem de marcação é mais poderoso e também mais complexo: ele depende que o texto seja mesclado a comandos de formatação específico. Através destes comandos o LATEX pode, por exemplo, gerar equações impressas da forma correta.

Um processador de textos interativo lhe permite trabalhar simultaneamente no conteúdo e na apresentação de seu texto, ou seja, você digita e tem uma idéia quase segura de como o seu texto aparecerá impresso. Um exemplo desta abordagem é o Microsoft Word.

Controvérsia sobre o Processamento de Textos

Existe uma grande controvérsia [texto em espanhol] se esta “interatividade” (palavra que está na moda e passa grande credibilidade) é de fato algo bom. Para alguns autores, a visão simultânea do texto e de seu aspecto formatado funciona como uma distração, dificultando que o autor se concentre no conteúdo enquanto se preocupa com coisas de importância secundária, tais como alinhamento de parágrafos, linhas órfãs e viúvas, tipo e tamanho de letra, etc. Segundo esta visão, se o autor tiver a opção de trabalhar focado exclusivamente no conteúdo ele produzirá mais. Portanto, a separação de conteúdo e apresentação se apresenta como uma alternativa mais funcional. Esta é a estratégia que você adotará ao trabalhar com LATEX.

Ao instalar os programas que recomende em meu post anterior, você não verá nenhum programa novo em seu menu de programas. Você procurará e nada achará porque o LATEX não é um programa que possui interface de usuário! Depois de instalado e configurado, você precisará escolher a sua interface.

Eis um novo conceito ao qual o leitor talvez não esteja acostumado: escolha. A grande maioria dos usuários de computador está acostumado a soluções prontas, que supostamente “funcionam” out-of-the-box e se sente desconfortável com a perspectiva de ter de usar um programa que lhe pede escolhas. Isto, porém, não é uma desvantagem, mas uma vantagem: existem várias formas de se trabalhar com LATEX e você pode escolher a que melhor lhe sirva.

No site LATEX Llinks Page você encontra uma lista de editores populares para Windows. Se você usa Linux, suas escolhas óbvias recairão sobre o Kile ou algum editor de textos com suporte a LATEX, como o gVim, o TEA ou o Moo-Edit (mEdit). Uma abordagem diferente pode ser tentada através do LYX, mas ela só é recomendável se você realmente tiver muita dificuldade de digitar sem feedback visual.

Seu Primeiro Documento em LATEX

Uma vez instalado e configurado o seu editor de textos, tudo que você tem a fazer é escrever o seu texto, incluindo as marcas de formatação que julgar necessárias, e depois “compilar” o documento através do LATEX. A edição, teoricamente, poderia ser feita até no Bloco de Notas do Windows, a única coisa que os editores de LATEX fazem por você é automatizar tarefas como abrir e fechar chaves ou inserir automaticamente seqüências de comandos. Alguns permitem ainda que você compile de dentro deles o seu documento e execute o visualizador de documentos para saber como ficou.

O TEX (pronúncia correta igual ao inglês tech) é um programa de computador que faz a conversão de um arquivo de texto com marcas de formatação para um arquivo imprimível contendo a descrição da página. Atualmente o TEX original é considerado obsoleto, e a maioria das distribuições usa o pdfTEX de Han The Tan em seu lugar.

LATEX (pronúncia correta lay tech) é uma linguagem de macro que facilita o uso do TEX por leigos (aliás a primeira sílaba do nome se pronuncia exatamente igual à palavra inglesa lay, que significa "leigo"). Cada comando LATEX é um atalho para um conjunto de comandos TEX. Em outras palavras, LATEX é um tipo de interface de usuário para o TEX.

Um documento LATEX contém vários comandos, que especificam como ele será impresso. Alguns desses comandos são opções globais (fonte, tamanho de página, estilo do documento, etc.) outros são locais (itálico, negrito, etc.) e outros são ferramentas para permitir a inserção e controle de citações, referências cruzadas, etc. Estas ferramentas existem proque o LATEX foi desenvolvido para o preparo de textos acadêmicos. Se você usá-lo para formatar sua tese de Engenharia, por exemplo, aprenderá a amá-lo!

\documentclass[a4paper,oneside,12pt,titlepage]{scrreprt}\usepackage{ifpdf,html,mathptmx,courier,indentfirst,geometry}\usepackage[scaled=0.9]{helvet}\title{Título}\author{Autor}\date{\today}\begin{document}\maketitle\tableofcontents\chapter{Título do capítulo}Texto do capítulo.\begin{enumerate}\item item de uma enumeração\end{enumerate}\section{Título da seção}Texto da seção\begin{itemize}\item item de uma lista\end{itemize}mais algum texto\begin{quotation}Texto de uma citação\end{quotation}\end{document}

Um documento LATEX, como você pode ver, nada mais é do que texto mesclado a comandos. No documento acima temos os seguintes comandos:

  1. Escolha do tipo de documento (“documentclass”)
  2. Seleção de alguns pacotes de estilo (“usepackage”)
  3. Definição do título e do autor do documento
  4. Definição da data de composição como hoje
  5. Início do documento
  6. Colocação do título e do índice
  7. Primeiro capítulo
  8. Texto
  9. Uma enumeração
  10. Uma seção
  11. Uma lista de itens
  12. Uma citação
  13. Fim do documento

Tendo obtido um documento corretamente digitado, você executa sobre ele o comando de alguma variedade do LATEX, que pode ser o LATEX original, para impressão, o pdfLATEX para gerar um arquivo PDF ou o XELATEX, para gerar um PDF em Unicode usando fontes OpenType.

No próximo post eu vou apresentar uma série de modelos de documentos com os quais você pode gerar um livro formatado em alta qualidade.

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